São Paulo, sábado, 10 de setembro de 1994
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Estabilizar para competir

O relatório sobre competitividade do Fórum Econômico Mundial divulgado semana passada trouxe algumas surpresas. A primeira é a volta dos Estados Unidos, depois de oito anos, ao posto de nação mais competitiva do planeta, superando o Japão. Mas há outras que merecem atenção mais detida: o Brasil com o 38º lugar e o Chile, no 22º lugar, sendo apontado como o "tigre" latino-americano.
A pesquisa envolve centenas de itens, que vão desde o nível de educação e infra-estrutura disponível ao número de computadores "per capita". Não se trata de discutir aqui as virtudes e os limites dessa metodologia, mas sim analisar algumas de suas conclusões a respeito das economias latino-americanas hoje e o papel da estabilização como pré-requisito de sucesso em um mundo em competição.
O resultado notável do Chile é atribuído à existência da estabilidade econômica e à ação de um Estado que se esforça em administrar bem suas contas, procura reduzir ao mínimo as ingerências no campo econômico e promove um ambiente que incita a competitividade.
Iniciativas que visam promover uma maior participação da economia no cenário mundial, como a redução de tarifas, tiveram peso decisivo na classificação chilena. México e Argentina, que seguem os bons ventos que movem a economia do Chile, aparecem em 26º e 27º lugares, respectivamente.
O 38º lugar obtido pelo Brasil é sintomático do atraso do país em trilhar o caminho do ajuste da economia. Reflete a inflação nas alturas e as incertezas no campo político nos últimos anos. Se se acredita que a inserção do Brasil na economia mundial é uma necessidade, chega-se mais uma vez à conclusão que a busca da estabilidade deve ser o objetivo número um do país.
Sem uma economia estável, é mais do que evidente, o Brasil não se estabelecerá como pólo de atração para os fluxos internacionais de investimentos. Sem uma economia estável, não poderá perseguir de forma consistente diferenciais importantes nos campos de planejamento e ação empresarial, tecnologia, infra-estrutura e educação.
Já se demonstrou de várias maneiras o imperativo de acabar uma vez por todas com a inflação brasileira. A pesquisa do Fórum Econômico Mundial reforça sintomaticamente esse duro aprendizado.

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