São Paulo, segunda-feira, 12 de setembro de 1994
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Vaticano silencia no Cairo sobre uso de camisinhas contra a Aids

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Delegados da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, que termina amanhã no Cairo, estão surpresos com o silêncio do Vaticano sobre o uso de camisinhas.
Desde os encontros preparatórios para a Conferência, a Santa Sé não fez qualquer objeção formal a trechos do documento em discussão que falam de "abstinência voluntária e uso de preservativos" como formas de combate à Aids.
O Vaticano tradicionalmente se opõe a programas de sexo seguro, que recomendam as camisinhas. O argumento é de que isso encoraja comportamento promíscuo.
"Para não bloquear a discussão, nós não propusemos colchetes. Isto não representa a menor mudança em nossa posição moral", disse Joaquín Navarro-Valls, porta-voz do Vaticano.
Uma das interpretações correntes no Cairo é a de que a Santa Sé estaria sendo mais flexível na questão dos contraceptivos para concentrar sua ofensiva diplomática na condenação do aborto.
A demora em resolver esta passagem do relatório final forçou os delegados a trabalharem no fim-de-semana. Inicialmente, estava previsto um recesso.
Eles se reuniram a portas fechadas para tentar obter acordos sobre temas polêmicos. Entre outros, direitos de migrantes, planejamento familiar e formas de união fora do casamento tradicional.
Os países mais ricos se opõem a consagrar no relatório do Cairo o direito de imigrantes de se reunirem com suas famílias. Temem que isso aumente a vaga de imigração legal e ilegal.
Outro ponto delicado é a diferença de concepções entre governos islâmicos e ocidentais quanto a direitos sexuais e família.
Já se alcançou consenso, porém, sobre pelo menos 90% do documento. Os países mais desenvolvidos concordaram em pagar dois terços dos US$ 17 bilhões que serão investidos em programas populacionais até o ano 2000.

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