São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 1994
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Filha de Ricupero deixa universidade

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As retaliações às declarações do ex-ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, chegaram à filha mais nova, Mariana, em forma de cara virada e fofocas na universidade e na hípica em Brasília.
Cansada de ouvir bochinchos pelas costas, Mariana, 17, resolveu trancar sua matrícula no curso de psicologia na UnB (Universidade de Brasília) e desistir das aulas de equitação.
A causa foi a repercussão da coversa entre o então ministro Rubens Ricupero e o jornalista Carlos Monforte, transmitida dia 1º de setembro via satélite e captada por antenas parabólicas.
Na conversa, Ricupero afirma que não tem escrúpulo e admite que escondia índices de inflação em favor do Plano Real.
Também passou a ser hostilizado pelos colegas, Eduardo, 11, filho de Regina, governanta dos Ricupero há mais de dez anos.
Os alunos da 5ª série do colégio Inei tiram satisfação do caso. Ele disse à mãe que todos dizem que seu "tio" (Ricupero) não presta.
A família espera ansiosa pela mudança para Roma, onde Ricupero deve assumir o cargo de embaixador, a convite do presidente Itamar Franco.
O Itamaraty já comunicou ao atual embaixador, Orlando Soares Carbonar, que volte ao Brasil para deixar lugar a Ricupero.
Até a mudança, a família evita sair de casa, atender à imprensa e dar declarações sobre o caso.
Aula
Ontem de manhã, Ricupero quebrou seu silêncio e falou durante uma hora e meia para uma platéia de 70 pessoas, na UnB.
O assunto, desta vez, não era sua demissão do cargo de ministro, mas A Nova Ordem Mundial, um seminário de Ciências Políticas e Relações Internacionais.
O seminário se realiza todas as segundas-feiras, às 8h. A aula de ontem foi dada no prédio da reitoria da UnB, e teve o caráter de homenagem e desagravo a Ricupero.
O reitor da universidade, João Cláudio Todorov, assistiu à aula. Todorov disse que o ato foi de solidariedade ao ex-ministro.
Ricupero citou o sucesso do Atlas Folha/The New York Times como sinal de que os cidadãos estão interessados em conhecer a nova ordem mundial.
Disse que no mundo moderno não há mais emprego para todos, e que em breve deve surgir algo para romper a hegemonia dos EUA.
No final, citou Andy Warhol: "Todo homem tem seus 15 minutos de notoriedade. Os meus já acabaram, e espero poder voltar a dar aulas dentro da normalidade."

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