São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 1994
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Metrô de SP completa 20 anos em crise financeira

DANIEL CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Metrô de SP completa 20 anos em crise financeira
O metrô de São Paulo completa 20 anos de funcionamento amanhã amargando a maior crise financeira da sua história. Faz mais de dois anos que parou de crescer, carente de recursos do governo federal.
O metrô paulistano nunca esteve tão "subnutrido" de dinheiro quanto na gestão de Luiz Antonio Fleury Filho, que só inaugurou duas estações, cujas obras já haviam sido iniciadas pelo seu antecessor, Orestes Quércia.
Há mais de dois anos, as obras dos 11 km de expansão das linhas do metrô estão paradas. Em 93, os investimentos próprios caíram 15,8%, em relação ao ano anterior.
O balanço contábil de 93 revela a "anemia". Apenas 1,6% dos recursos do Metropolitano vieram de financiamentos e outros 10,4%, de subvenções do Estado. No ano anterior, 40,5% do orçamento da companhia foram para pagar dívidas e juros de empréstimos.
Em 14 de setembro de 1974, seis anos depois de iniciadas as obras, o metrô paulistano fez sua primeira viagem comercial.
O trecho que entrava em operação tinha 6,5 km de extensão, entre as estações Jabaquara e Vila Mariana, e funcionava das 9h às 13h, de segunda a sexta-feira.
Desde então, o metrô cresceu menos do que se esperava. Hoje, suas três linhas em operação medem 43,5 km de extensão e transportam cerca de 2,3 milhões de passageiros por dia.
Está na página 144 do "Guinnes Book", versão 1994, como o metrô "mais carregado do mundo". É o que transporta mais passageiros por quilômetro de linha.
"Deveríamos ter hoje de 100 km a 130 km de linhas de metrô implantadas", reconhece Celso Giosa, presidente da Companhia do Metropolitano de São Paulo.
Pelo projeto inicial, São Paulo deveria ter hoje cinco linhas de metrô, que transportariam mais de 7 milhões de passageiros/dia. Previsões refeitas, o metrô só deverá deter essas marcas depois de 2010.
Trinta e nove das 41 estações do metrô foram inauguradas até o final da gestão de Orestes Quércia, que construiu com recursos do Estado o ramal Paulista.
Fleury foi o primeiro governador a excluir do metrô o status de prioridade. Com a queda de arrecadação de impostos e sem financiamentos do governo federal, o governador teve que estancar a perfuração de túneis.
O governador esperava inaugurar cerca de 11 km de trilhos. Vai deixar para o sucessor 3,5 km da extensão Norte, com três estações, previstos para serem inaugurados no ano que vem. Já os 6 km da extensão Leste só devem entrar em operação em 97.
A falta de dinheiro também impede o metrô paulistano de modernizar seu sistema operacional. O sistema que controla a operação dos 98 trens tem memória inferior à de um microcomputador portátil.
A concorrência para escolher a empresa que vai substituir esse sistema por equipamentos modernos está sob disputa judicial.
Enquanto a modernidade não vem, a defasagem é responsável pela marca de uma falha a cada 79 mil passageiros transportados no ramal Paulista. Isso equivale a mais de duas falhas diárias na linha, que transporta 180 mil passageiros/dia.
Essas falhas, no entanto, não são graves. O metrô paulistano se orgulha de nunca ter causado um acidente que ao menos ferisse um de seus passageiros.
A superlotação de seus trens nos horários de pico não é o único recorde do metrô paulistano. É considerado também o mais limpo do mundo.

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