São Paulo, terça-feira, 13 de setembro de 1994![]() |
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BC decide segurar cotação do dólar
JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA; GUSTAVO PATÚ
O dólar comercial (exportações e importações) voltou a cair ontem, registrando novo recorde de baixa desde a introdução do real. À noite, o Banco Central (BC) procurou responder à queda contínua com novas medidas. Depois de ter sido negociado por até R$ 0,848 (na venda), o comercial fechou cotado a R$ 0,850 para compra e a R$ 0,852 para venda. A queda em relação à cotação de sexta-feira é de 1,5%. A diferença para a cotação de venda do BC, fixada em US$ 1,00 por R$ 1,00, já é de 14,8%. Às 19h30, o BC editou duas circulares criando novas formas de intervenção no mercado de câmbio. A partir de hoje, o BC pode comprar dólares junto a um único banco ou um grupo deles –antes, o BC só comprava dólares através de leilões, abertos a todos os 200 bancos que operam com moeda estrangeira no país. "Os novos mecanismos permitem intervenções menos transparentes", explicou o chefe do Depin (Departamento de Operações com as Reservas Internacionais), Joubert Furtado. Na avaliação do BC, o nervosismo do mercado de sexta-feira para cá se deve, em parte, às declarações do diretor de Assuntos Internacionais do BC, Gustavo Franco, que disse que não haveria um limite para a queda do dólar. As declarações geraram uma desvalorização ainda maior do dólar, reforçando as preocupações com os efeitos sobre as exportações, que tendem a cair. No BC, há esperança de que a expectativa de uma possível intervenção no mercado provoque uma "alta psicológica" do dólar. Ou seja, apesar das declarações, existe um limite para a queda. Segundo a Folha apurou, o BC chegou a cogitar fazer um anúncio de leilão de compra de dólar, que provocaria de imediato uma alta nas cotações. O leilão não seria concretizado. Mas uma das razões para a queda é também uma medida adotada pelo BC: o aumento do compulsório sobre CDBs e poupança. Por causa dele, ao longo deste mês, os juros vão subir. Ontem, um ACC (Adiantamento de Contrato de Câmbio) de 180 dias podia ser negociado por um juro anual de 7% mais a variação cambial (até, agora, negativa). Só como base de comparação, um empréstimo de capital de giro por 91 dias sai por um juro prefixado de 70% ao ano. Ao fazer ACC, o exportador vende antecipadamente dólares. Com isto, a oferta aumenta, empurrando as cotações para baixo. Um outro motivo: o mercado trabalha com a hipótese de que a vitória eleitoral de Fernando Henrique Cardoso servirá de sinal para o ingresso de dólares nas Bolsas. Desde julho, com o BC fora do mercado, os bancos têm comprado o excesso e dólares. Eles iniciaram os negócios ontem com US$ 994,612 milhões em caixa. O BC tornou sua intervenção no mercado menos transparente até para não ser forçado a comprar este excedente de uma só vez. Cada vez que o BC compra dólares, ele emite reais, o que seria inflacionário. LEIA MAIS sobre o mercado financeiro na página 2-4 Texto Anterior: BC ajuda banco pequeno em dificuldades Próximo Texto: Bolsa paulista registra volume recorde Índice |
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