São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 1994 |
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EUA enviam porta-aviões; ação no Haiti é iminente
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Na segunda-feira, a rede de TV ABC divulgou pesquisa de opinião segundo a qual 73% dos norte-americanos entrevistados se opõem à invasão do Haiti. A Casa Branca anunciou que o presidente Bill Clinton fará um pronunciamento na TV sobre o Haiti amanhã às 22h (horário de Brasília). Clinton enviou seu secretário da Defesa, William Perry, e o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general John Shalikashvili, ao gabinete do líder da oposição no Senado, Bob Dole, para tentarem convencê-lo a aceitar a idéia da invasão. Dole e outros parlamentares, inclusive do Partido Democrata (do presidente), acham que Clinton tem que pedir autorização ao Congresso antes da invasão. Eles se opõem a ela por acharem que o interesse nacional dos EUA não está ameaçado pelo Haiti, opinião compartilhada por 60% dos ouvidos na pesquisa da ABC. O jornal mais influente dos EUA, "The New York Times", engrossou ontem em seu primeiro editorial o coro dos que acham indispensável a consulta ao Congresso antes da invasão. A Constituição confere ao Congresso o exclusivo poder de declarar guerra, mas dá ao presidente o direito de enviar tropas ao exterior em situações de emergência –justificativa usada para a maioria das invasões de outros países praticadas pelos EUA em sua história. O chefe de gabinete da Casa Branca, Leon Panetta, reconheceu que há uma grande divisão na opinião pública sobre o assunto, mas previu que depois do início da ação militar todo o país se unirá em torno do presidente, como ocorreu nas recentes invasões de Granada e Panamá. Panetta não quis comentar notícia publicada ontem pelo jornal "The Washington Post", segundo a qual o governo considera a possibilidade de convocar reservistas para a invasão do Haiti. O general Raoul Cedras, chefe do governo militar haitiano, convidou o deputado Bill Richardson, do partido de Clinton, a visitá-lo em Porto Príncipe. Richardson iniciou há algumas semanas consultas com Cedras para negociar sua saída do poder. Mas, a pedido da Casa Branca –que alega não querer passar sinais dúbios a Cedras–, o deputado recusou o convite do general.~ O governo militar do Haiti denunciou a presença militar dos EUA no Caribe e afirmou que vai resistir a uma eventual invasão. No domingo, cinco navios de guerra norte-americanos entraram em águas haitianas. Quatro helicópteros fizeram vôos sobre Porto Príncipe, despejando panfletos que falam da invasão iminente. Texto Anterior: Déficit dos EUA é de US$ 37 bi Próximo Texto: Acordo evita a fuga de cubanos no primeiro dia Índice |
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