São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 1994
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Roteiro literário mostra o melhor de Dublin

ELAINE GUERINI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Caminhar pelas ruas de Dublin, a capital da Irlanda, é uma agradável peregrinação literária. Uma volta pelo centro da cidade sempre acaba em um endereço ligado à vida ou à obra de James Joyce, Oscar Wilde, Bernard Shaw, Samuel Beckett, William Butler Yeats ou Bram "Drácula" Stoker.
Nenhum desses escritores passou a maior parte de sua vida em Dublin –a maioria trocou a terra natal por outras capitais européias–, mas todos deixaram suas marcas registradas em vários pontos da cidade.
Os lugares onde os autores nasceram, estudaram e principalmente os "pubs" que eles frequentavam são os endereços mais respeitados da capital.
Até os locais citados em seus livros desfrutam do status de ponto turístico. Um exemplo é o restaurante Davy Byrnes (21, Duke Street), onde James Joyce situou uma das passagens de seu clássico "Ulisses".
A tradição literária é levada tão a sério em Dublin que algumas agências organizam caminhadas turísticas com encenações de textos famosos no meio do percurso. Uma delas é conhecida como The Dublin Literary Pub Crawl.
Essa caminhada –com ponto de partida no The Bailey (2, Duke Street)– consegue unir as duas maiores paixões irlandesas: "good writing and good drinking".
Os participantes pagam seis libras (R$ 8,04) e fazem uma via sacra pelos "pubs" mais antigos.
O percurso inclui endereços como Mulligan's (8, Poolbeg Street), um dos "pubs" preferidos de James Joyce, e Toner's (139, Lr. Baggot Street), o escolhido por William Butler Yeats.
Diz a lenda que o poeta entrou em um "pub" uma única vez na vida por insistência de um amigo.
Os participantes do "tour" (que obviamente tomaram pelo menos um drinque em cada parada) são guiados por dois atores e carregados de performance literária.
Na entrada de cada "pub" (são cerca de cinco por noite), eles contam um pouco da história do lugar e representam trechos de obras famosas, como "Esperando Godot", de Samuel Beckett.
Vários prédios da cidade também ajudam a preservar a memória dos escritores dublinenses. Entre eles, o Trinity College (situado no lado leste de College Green) e a National Library (Kildare Street).
O primeiro é uma universidade com mais de 400 anos –por onde passaram Oscar Wilde, Bram Stoker, Samuel Beckett e outros.
Já a biblioteca, além de situar o debate literário do livro "Ulisses", ainda guarda originais de James Joyce, Bernard Shaw e Yeats.
Esses ilustres dublinenses ganharam até um museu na cidade, instalado há três anos em um prédio do século 18. A casa, conhecida como The Dublin Writers Museum (18, Parnell Square), traça um panorama sobre a vida e a obra dos grandes autores, incluindo ainda nomes como Jonathan Swift, Patrick Kavanagh, Sean O'Casey, Flann O'Brien e Brendan Behah.
Entre as peças interessantes está a primeira edição do livro "Drácula", de Stoker, publicada em 1897, em Londres. O ingresso custa 2,50 libras (R$ 3,35). O acervo conta ainda com manuscritos, cartas e objetos dos escritores.

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