São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 1994
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James Joyce revela Dublin em "Ulisses"

ELAINE GUERINI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

James Joyce revela Dublin em 'Ulisses'
Museu dedicado ao escritor está instalado em torre onde ele se hospedou em 1904 e que virou cenário do romance
Dublin dedica um museu inteiramente ao autor, seu rosto está estampado na nota de dez libras irlandesas e, todos os anos, no dia 16 de junho, a população presta sua homenagem percorrendo os lugares citados em "Ulisses".
A comemoração é conhecida como "Bloomsday" –o nome vem de Leopold Bloom, um dos personagens centrais do livro.
O "Bloomsday" foi criado nos anos 50 por um grupo de escritores e o 16 de junho foi a data escolhida porque é neste dia que se passa toda a ação de "Ulisses".
Nessa obra, Joyce traça um belo roteiro da cidade. Ele mesmo costumava dizer que se Dublin fosse destruída, ela poderia ser levantada novamente, com todos os detalhes, a partir desse livro.
O original de "Ulisses", escrito em 1922, se encontra no James Joyce Museum, em Sandycove (ao sul de Dublin). O museu foi instalado dentro de uma torre-martelo construída em 1804 pelo exército britânico (ingresso a 1,90 libra).
O local foi escolhido para sediar o museu por duas razões. Joyce ficou hospedado na torre durante seis dias em 1904 (quando tinha 22 anos e estava começando a carreira como escritor).
Mais tarde, ele usou a própria torre como cenário de abertura de seu "Ulisses".
Entre as peças que compõem o acervo estão livros (algumas edições raras), manuscritos, cartas, documentos, fotos, bustos e objetos pessoais. Nesta última categoria, destacam-se um violão, um colete e uma gravata que Joyce ganhou de Samuel Beckett.
O local de nascimento do escritor (41, Bringhton Square, Rathgar) também é um dos endereços mais famosos da cidade.
A casa não é aberta ao público –Joyce saiu de lá com dois anos–, mas quem passa pelo local se contenta com uma foto da fachada.
O mesmo acontece em todas as casas onde outros grandes escritores nasceram.
Para quem quiser conferir: Oscar Wilde (1854-1900) nasceu no número 21, Westland Row; Bram Stoker (1847-1912), número 15, Marino Crescent, no subúrbio de Klontarf; W. B. Yeats (1865-1939) no número 5, Sandymount avenue; e Samuel Beckett (1906-1980) na Brighton Road, no subúrbio de Foxrock.
O único local de nascimento que se transformou em museu foi a casa de Bernard Shaw (1856-1950), aberta ao público no ano passado.
Situada na Synge Street, 33, a casa foi redecorada com autênticos móveis da época vitoriana.
O visitante paga 1,90 libra pelo ingresso e conhece a cozinha (o local preferido de Shaw na sua infância), os quartos, a sala da família e a sala de visitas. Nos fundos, o jardim foi reconstruído respeitando as cores, odores e a atmosfera daquela época.

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