São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 1994
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Grã-Bretanha mostra sua cara em museu

SUSAN ALLEN TOTH
DO "TRAVEL/THE NEW YORK TIMES"

A National Portrait Gallery (ou Galeria Nacional de Retratos) de Londres proporciona uma festa gratuita e um passeio entre convidados famosos.
Retratos de personagens saídos dos cursos de história e literatura tomam conta da galeria: a rainha Elizabeth 1ª, Oliver Cromwell, o almirante Nelson, Disraeli, as romancistas Jane Austen, Charlotte e Emily Bront‰, os poetas Byron e John Milton, entre muitos outros.
Todos os ingleses notáveis de quem o mundo ouviu falar parecem estar representados.
Andando pela galeria não dá para não ficar maravilhado: "Quer dizer que Shakespeare tinha esta cara?" Os olhos escuros e brilhantes e o brinquinho de ouro são mostrados no primeiro retrato adquirido pela galeria, em 1856.
Às vezes um quadro dá pistas sobre mais do que uma pessoa, como no caso de "A Rainha Vitória Presenteando uma Bíblia", de T. Jones Barker. Nesse quadro grandioso o príncipe Alberto aparece em pose protetora.
A rainha, cuja tiara e jóias não escondem sua figura baixa e gordinha, entrega uma Bíblia a um súdito africano, ajoelhado.
No ano passado, em novembro, a galeria inaugurou um acervo da segunda metade do século 20.
Ao entrar na primeira sala, dominada por retratos do lorde Mountbatten e do magnata da imprensa R. Murdoch, o visitante se sente no meio de uma festa.
Os homens e mulheres dessa nova ala –mostrados em desenhos, pinturas, esculturas, caricaturas, silhuetas, fotos e obras de multimídia– têm em comum apenas o fato de serem famosos.
Suas origens sociais e étnicas são variadas e, como revelam suas placas biográficas, suas vidas são dedicadas a metas divergentes.
Elizabeth David (1913-1992), retratada em sua cozinha com um copo de vinho na mão, foi autora de livros de receitas que modificaram a culinária britânica.
Numa foto de 1985, o bailarino Rudolf Nureyev se reclina num divã preto e dourado. A seu lado, numa foto familiar, a rainha Elizabeth 2ª e o príncipe Philip sorriem para seus netos.
Mais adiante fica uma escultura de bronze de David Gascoyne, um poeta surrealista nascido em 1916, e um enorme óleo de Bobby Charlton, o célebre jogador de futebol nascido em 1937.
Uma sensação de energia está presente em toda parte. Mesmo quando os sujeitos dos retratos parecem contemplativos, os artistas criam sua própria intensidade.
O busto da designer de moda Zandra Rhodes, feito em vidro e resina, acentua seu espantoso cabelo cor-de-rosa.
A pintura em acrílico de sir David Webster, administrador da Royal Opera House, por David Hockney, brilha em tons de verde refrescante.
Um passeio pela National Portrait Gallery sugere versões estrangeiras para museus desse tipo.
Quem, nos Estados Unidos, seria definido como famoso a ponto de merecer a exposição de sua imagem? Quem seria excluído?
Pode-se até imaginar a entrada, com o cineasta Steven Spielberg e o presidente John F. Kennedy. E ainda uma possível parede com políticos e ativistas sociais da segunda metade do século 20: Eisenhower e Malcolm X, Betty Friedan com Lyndon Johnson, Joseph McCarthy e Ronald Reagan.
Na sala dos escritores norte-americanos possivelmente estariam J.D. Salinger com Sylvia Plath, Pearl Buck com Norman Mailer, E.B. White com William Faulkner... As possibilidades, como as combinações do acervo londrino, são quase infinitas.

Tradução de Clara Allain
NATIONAL PORTRAIT GALLERY DE LONDRES: St. Martin's Place, Londres, tel. local 306-0055. Aberta de segunda a sexta das 10h às 17h, aos sábados das 10h às 18h e, aos domingos, das 14h às 18h. A entrada para visitação do acervo permanente é gratuita.

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