São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 1994
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Lucena é recebido como herói

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao retornar a Brasília após ter seu registro eleitoral cassado pelo TSE, Lucena foi recebido como herói por funcionários e diretores do Senado.
O senador foi aplaudido por cerca de cem funcionários, que gritavam "Humberto" e "injustiça". O senador Ronan Tito (PMDB-MG) ficou exaltado.
Ao ser perguntado por um repórter se a relação dos senadores que usaram a gráfica seria divulgada, respondeu: "Será no momento oportuno. Ponha-se no seu lugar".
Lucena acusou o colega do PT Eduardo Suplicy (SP) de também ter usado a gráfica do Senado para imprimir folhetos com finalidade eleitoral.
O bate-boca foi no gabinete da Presidência do Senado. "Continuo candidato e a Paraíba está em comoção social", disse Lucena aos colegas.
"Não pratiquei crime eleitoral. Se pratiquei, vossa excelência praticou também e de muito mais gravidade", disse a Suplicy, diante da imprensa. Lucena referia-se ao fato de Suplicy ter impresso seu "Projeto de Renda Mínima" na gráfica.
Suplicy disse a Lucena que imprimiu o programa e cartões de visita usando apenas 5% de sua cota. "Devemos apresentar o episódio para tornar transparente o uso da gráfica do Senado", afirmou Suplicy.
Lucena afirmou que vai recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal) contra a cassação. "Sou um candidato já eleito."
Disse que a impressão de calendários com mensagem de fim de ano no Senado "é prática tão velha quanto a gráfica e nunca ninguém questionou".
À noite, antes de comício do PT, Suplicy afirmou que o Senado não deve, como instituição, defender Lucena através de recursos na Justiça.
Ao apresentar sua posição na reunião de líderes, Suplicy disse que o senador Ronan Tito propôs que fosse feita a defesa através de todos os senadores, menos do representante do PT.
"Respondo pelo que fiz. Não há como ficar respondendo pelo que não fiz", disse Suplicy.
O presidente do TSE, Sepúlveda Pertence, atribuiu a "explosões emocionais" as reações do Senado contra a cassação.
Pertence dissse que não temia retaliações do Congresso contra o Judiciário numa eventual reforma da Constituição.
Segundo ele, "não há um problema institucional. Foi a lei, votada pelo Congresso, que proibiu que recursos públicos sejam usados em campanhas."

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