São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 1994
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Soja deve perder espaço para milho e algodão

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

A soja deve perder entre 5% e 10% de espaço para o milho e o algodão na safra de verão 1994/95.
Com isso, o país pode deixar de ganhar US$ 500 milhões na balança comercial. O complexo soja (óleo, grão e farelo) está entre os líderes nas exportações.
A previsão é de Fernando Homem de Melo, economista da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas) da Universidade de São Paulo.
Pesquisa da OCB (Organização das Cooperativas do Brasil) realizada junto às cooperativas confirma a tendência.
Para a OCB, o recuo na área com soja deve girar em torno de 3% sobre os 10,9 milhões de hectares semeados no ano passado.
A safra 28% maior de soja dos EUA e a produção mundial recorde estão inibindo o plantio.
Joga contra a soja a política cambial de valorização do real frente ao dólar. "O mercado futuro de câmbio indica que um dólar vai valer um real só e março do ano que vem, o que inibe o plantio", diz Homem de Melo.
Para Amílcar Gramacho, coordenador da OCB, a inclusão da soja na Política de Garantia de Preços Mínimos compensa parcialmente o risco cambial e a dificuldade de obter crédito junto às "tradings".
Como a soja é um produto essencialmente de exportação, nem mesmo o efeito da estabilização da economia deve puxar a produção, diz André Pessoa, da consultoria Mendonça de Barros Associados.
Já esse fator e o preço remunerador estão estimulando o incremento na área plantada com milho. O crescimento previsto para o milho, segundo a OCB, é de 3% em relação aos 8,8 milhões hectares plantados em 1993. Mais otimista, Homem de Melo aposta no crescimento em torno de 5%
Ele leva em conta o fato de que com a economia estabilizada cresça o consumo de proteínas (carne e leite). Isso acabaria puxando as vendas de rações e, consequentemente, de milho.
Já a perspectiva para o algodão é bastante otimista, apesar de os números da Abrasem indicarem que a produção de sementes neste ano é 4,15% menor.
A OCB prevê crescimento entre 20% e 30% sobre 644 mil hectares semeados com algodão no ano anterior. Homem de Melo trabalha com possibilidade de um incremento de 5% a 10% no algodão. O maior interesse pelo produto é a sua valorização no mercado internacional. Desde o ano passado, o seu preço subiu 35%.

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