São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Seca prolongada já afeta produção de feijão
MÁRCIA DE CHIARA
Para Fernando Homem de Melo, economista da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), a possibilidade de uma oferta mais apertada ainda não se refletiu nos preços do produto. Se for confirmada a queda na safra, o quadro pode se agravar por dois motivos. Um deles é que o estoque nas mãos do governo é mínimo, de 8 mil toneladas, diz Homem de Melo. Além disso, a oferta para importação de feijão é restrita. O consumo anual gira em torno de 2,8 milhões de toneladas. No Paraná, que responde por 18,5% da produção nacional, 10% da área havia sido plantada até 9 de setembro, segundo Deral (Departamento de Economia Rural) da Secretaria da Agricultura. Na região de Ivaiporã, região central do Paraná, que reúne 17 municípios, apenas 2% da área tinha sido semeada até ontem. "Depois de 50 dias de seca, choveu 20 milímetros nos dois últimos dias, mas foram insuficientes para o plantio deslanchar", diz o agrônomo Sérgio Empinottis, do Deral. Na região de Francisco Beltrão, sudoeste do Paraná, até ontem apenas metade da área havia sido plantada. "O atraso pode afetar a produtividade, como ocorreu em 1990 e 1991", diz o agrônomo Antoninho Fontanella, do Deral. No Estado de São Paulo o quadro se repete. Na região de Itararé, sul do Estado, há três meses sem chuvas, os agricultores não iniciaram o plantio. Luiz Carlos Santos, diretor do Sindicato Rural, diz que se não chover dentro de 10 dias, os produtores vão cultivar milho ou soja no lugar do feijão. Já para o milho, soja e arroz, cuja a maior parte do plantio ocorre em outubro, o clima ainda não é preocupante. Mas, se as chuvas forem irregulares até o final de setembro, o quadro pode mudar, diz Homem de Melo. O Instituto Nacional de Meteorologia informa que as chuvas já atingem a região sul do país e a situação começa a se regularizar em SP, MT e MS. Heron do Carmo, coordenador do IPC da Fipe, diz que o atraso ainda não se configurou. A estiagem que atinge as pastagens pode pressionar os preços do leite e da carne. Mas, neste caso, as importações quebrariam o movimento de alta.(MCh) Texto Anterior: Soja deve perder espaço para milho e algodão Próximo Texto: Acertada trégua sobre a divisão do Eldorado Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |