São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 1994
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Peter Coyote é o rei das mulheres em 'Kika'

FERNANDA SCALZO

Em "Kika", novo filme do espanhol Pedro Almodóvar que estréia hoje em São Paulo, o ator Peter Coyote interpreta Nicholas, um escritor canastrão que se envolve com todas as mulheres da história. Ele contracena com a protagonista Kika (Verônica Forqué), tem uma cena impressionante com Andrea Caracortada (Victoria Abril), outra impagável com a mãe de Almodóvar, Francisca Caballero, e mais uma, esta tórrida, com o transexual Bibi Andersen.
O ator norte-americano diz que se considera um "cachorro" –"vou onde cuidam de mim e me alimentam"– e por isso acaba fazendo a maioria de seus filmes fora dos Estados Unidos. Fez, no Brasil, "A Grande Arte", de Walter Salles Jr., e pôde ser visto no último filme de Roman Polanski, "Lua de Fel".
Peter Coyote acaba de escrever um livro sobre o que chama de sua "vida loca" nos anos 60. O ator falou à Folha por telefone, de Los Angeles.
Folha - Como você entrou entrou em contato com Almodóvar para participar de "Kika"?
Peter Coyote –Almodóvar me telefonou e disse que queria me encontrar. Acho que ele tinha assistido "Lua de Fel". Eu estava em Nova York e ia para um festival de cinema em algum lugar nos Alpes. Então parei em Paris para vê-lo. Ele estava com sua assessora Simona Benzakein. Conversamos um pouco, e ele me perguntou se eu podia falar espanhol. Eu disse "buenos dias" e "que tal". E fui para casa aprender espanhol.
Folha –Você conhecia os filmes de Almodóvar?
Coyote –Conhecia bem, quase todos eles.
Folha –E o que você acha de "Kika"?
Coyote –Eu gosto de "Kika", acho engraçado. Ele tenta falar sobre segredos, privacidade, a invasão da mídia, coisas de que se deve falar. Para ser honesto, não é meu favorito entre os filmes de Almodóvar. Mas eu adorei fazer.
Folha –Você tem uma cena muito boa com Francisca Caballero, a mãe de Almodóvar. Ela parece muito natural, como foi contracenar com ela?
Coyote –Ela é completamente natural: interpreta do jeito que ela é. Foi muito engraçado, porque eu estava falando espanhol e tinha que escutá-la com muita, muita atenção, como se faz com uma língua estrangeira. Ela, claro, nunca dizia as suas falas duas vezes da mesma maneira. Então eu nunca sabia quando tinha que entrar com minha fala.
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sobre "Kika" à pág. 5-5

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