São Paulo, sábado, 17 de setembro de 1994
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FHC diz que "acabou a campanha"

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Refletindo o clima de "já ganhou" que contagia o comitê central, o candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, afirmou ontem que a campanha já terminou.
"Não tem notícia, acabou a campanha", disse rindo o tucano durante um almoço informal com jornalistas no restaurante Bonifácio, em Brasília, mais conhecido pelo nome de "Forte Apache" devido à sua construção em madeira.
Ao ouvir o comentário, a assessora de imprensa do candidato, Ana Tavares, completou, em tom de brincadeira: "Olha a parabólica", numa referência ao escândalo envolvendo o ex-ministro da Fazenda Rubens Ricupero.
Antes da declaração, FHC havia dito que reservaria a manhã de hoje, em Salvador, apenas para tomar um banho de mar.
Na quinta-feira, o comando de campanha já havia decidido cancelar a viagem do candidato ao Mato Grosso do Sul, no dia 29.
Também ficou acertado que FHC terminará a campanha sem visitar mais sete Estados –Tocantins, Amapá, Roraima, Rondônia, Acre, Paraíba e Espírito Santo.
"Não estou preocupado com o apoio de partidos e, sim, com o apoio do povo", disse FHC. Ele também afirmou que não causa temor sua convocação para depor no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob acusação de uso da máquina do governo.
"Acho normal, a democracia é assim e não conseguiram dizer até hoje onde é que houve uso da máquina", alegou FHC.
O tucano afirmou ainda que o dia da posse do novo presidente, previsto na Constituição para 1º de janeiro, "é uma insensatez".
Neste caso, fez a ressalva de que os jornalistas deveriam fazer a mesma pergunta para o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo ele, a posse no dia do Ano–Novo atrapalha "a vida dos convidados". E disse: "O ideal seria o dia 10 de janeiro".
Ao saber que os jornalistas escreviam sobre as declarações de FHC no almoço, Augusto Fonseca, também assessor de imprensa do tucano, advertiu os repórteres.
"Não quero censurar ninguém. Só quero saber o tom que vai ser dado. Se a declaração não for reproduzida no contexto em que ocorreu, não tem mais conversa informal com o candidato", disse.
Pedidos
FHC recebeu dois pedidos inusitados ontem durante o almoço. Recebeu um bilhete que dizia: "Seu eleitor faz uma único (sic) pedido. Não permita que um integrante de seu governo minta." O bilhete era assinado por Lourival.
Logo em seguida, o jardineiro Antônio Carlos de Oliveira chegou ao lado do candidato e disparou: "Quero que você modernize esse país cafona."

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