São Paulo, sábado, 17 de setembro de 1994
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Arte Cidade chega ao CD-ROM

BERNARDO CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O projeto Arte Cidade 2, que ocupará o centro de São Paulo com instalações, vídeos, esculturas etc., a partir de 24 de setembro, terá também um CD-ROM com trabalhos de 15 artistas e três críticos.
O projeto é patrocinado pela Secretaria de Estado da Cultura, com curadoria de Nelson Brissac Peixoto. O design gráfico da abertura do CD-ROM é de Eliane Stephan, consultora da Folha.
Seis terminais de computador estarão distribuídos nos três principais espaços ocupados pelo Arte Cidade 2 (o prédio da Eletropaulo, na r. Xavier de Toledo, a agência do Banco do Brasil na r. da Quitanda e o edifício Guanabara, esquina da São João, no vale do Anhangabaú) à disposição do público durante o período do evento.
Além disso, 1.500 exemplares do CD-ROM serão colocados à venda a preço de custo –ainda indefinido, mas abaixo do de mercado, segundo a organização.
Mídia eletrônica
Os artistas criaram projetos específicos para a mídia interativa. São jogos, poemas visuais, percursos pela cidade, simulações etc. As propostas feitas para o CD-ROM não têm necessariamente a ver com as obras que estão desenvolvendo para os prédios do Arte Cidade 2, cujo tema é "A Cidade e seus Fluxos".
A idéia de virtualidade, interatividade e imaterialidade, própria da mídia eletrônica, predomina entre os trabalhos. O fotógrafo Carlos Fadon Vicente, por exemplo, criou sete percursos audiovisuais da cidade, sete "navegações narrativas" e a possibilidade de enviar uma mensagem para o navegador seguinte.
Fadon realizou no início do mês um tele-evento envolvendo quatro cidades –São Paulo, Lexington (EUA), Recife e Campinas–, ligadas por computadores e linhas telefônicas. Parte da experiência estará documentada no prédio do Banco do Brasil.
Há trabalhos que são ressonâncias no CD-ROM do que esses artistas pretendem apresentar no Arte Cidade 2. É o caso de Anna Muylaert, que vai simular o suicídio de um bancário. No CD-ROM, o espectador pode interromper a queda do homem do Viaduto do Chá e, dependendo do momento do percurso, "captar" uma imagem da cabeça do suicida.
Lenora de Barros e Walter Silveira trabalham mais com a palavra, com poemas visuais interativos. No caso dos textos críticos (de Roberto Ventura, Nelson Brissac e Arlindo Machado), a interação pode servir para ilustrar um assunto a partir de certas palavras ou para guiar o curso do texto.
Humor
Não falta humor ao projeto. Em "Oráculo", de Otávio Donasci, por exemplo, há um espaço da tela marcado com as palavras "não aperte". Quem ousar desrespeitar o conselho, terá que arcar com as consequências: um vírus que devora não só o projeto de Donasci, mas de todos os outros artistas, desaparecendo com tudo da tela (o antídoto é desvendado quando o espectador recorre à palavra-chave "ajuda").

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