São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994
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Acordo entre metalúrgicos e montadoras pode sair

DA REPORTAGEM LOCAL

O impasse entre metalúrgicos e montadoras pode terminar e pôr fim à greve no setor automotivo que entrou ontem no seu sexto dia.
Cerca de 20 empresas e 63 mil trabalhadores estavam parados na região do ABCD mais a Ford Ipiranga, em São Paulo (2.500 trabalhadores) e a Ford de Osasco (700 trabalhadores).
Desde às 12h de ontem empresários e trabalhadores estavam reunidos na sede da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) para tentar fechar um acordo.
Os sindicalistas pediram abono correspondente a 72 horas de trabalho, suficiente para repor as perdas com a inflação em julho, agosto e setembro.
Seriam 13 horas em agosto (IPC-r de 6,08% de julho), 26 horas em setembro (11,87% de IPC-r acumulado em julho e agosto) e 32 horas em outubro (14% acumulado nos três meses, estimando-se inflação de 2,5% em setembro).
A Anfavea, segundo os líderes sindicais, chegaram a aceitar abono de até 53 horas. Até o fechamento desta edição, a negociação não havia acabado.
Os metalúrgicos têm assembléia hoje no ABCD e votam se mantém a paralisação.
Caso nenhum acordo seja firmado, a greve na montadoras deverá ir a julgamento já no início deste semana, segundo determinou na sext-feira o juiz Rubens Tavares Aidar, presidente do Tribunal Regional do Trabalho.
Na avaliação de alguns sindicalistas, como Paulo Pereira da Silva, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, se a greve não terminasse no final de semana, haveria desgaste para os sindicatos. A probabilidade de acordo é grande.
Para o presidente da Anfavea, Luiz Adelar Scheuer, se não houver acordo a entidade pode deixar a greve ir a julgamento e deixar as negociações ocorrem por fábrica, caso a caso.
Autopeças
No setor de autopeças, a situação é mais grave. O presidente do Sindipeças, Paulo Butori, diz que o setor não têm condições de dar qualquer reajuste hoje.
Um dos principais problemas do setor, segundo Butori, é a concorrência com autopeças importadas, que têm linha de financiamento mais barata.
Não houve acordo durante audiência de conciliação na Justiça na sexta-feira e a greve no setor de autopeças deve ir a julgamento. O TRT chegou a propor o fim da greve e a manutenção das atuais garantias estabelecidas em dissídio, o que os trabalhadores podem não aceitar.

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