São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994
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Queda de alíquotas desagrada fabricantes de bens de consumo

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O choque de oferta proposto pelo governo –via liberação de alíquotas de importação– não agrada fabricantes de bens de consumo.
"Uma redução drástica do imposto de importação de eletrônicos trará muito lucro para o exportador estrangeiro", diz Milton Sztrajtman, vice-presidente da Itautec Philco.
Segundo ele, se falta um ou outro produto nas lojas é porque também as fábricas não conseguem volume suficiente de componentes eletrônicos.
Ele diz que a indústria brasileira de TV e vídeo trabalha hoje com ociosidade média de 30% e não produz mais porque a escassez de alguns componentes é mundial.
"O aumento de consumo verificado no Brasil supera qualquer tipo de planejamento."
Ele exemplifica lembrando que, em 1992, a indústria comercializou 2,2 milhões de televisores no país. Em 1993, 3,3 milhões de unidades. Em 1994, deve vender 4,8 milhões de TVs, prevê.
"Nenhum país do mundo consegue atender aumento de demanda desta ordem tão rapidamente."
Sztrajtman conta que a Philco poderia estar neste momento vendendo 20% mais se tivesse volume suficiente de componentes.
Para ele, uma alternativa para adequar o ritmo de demanda ao de oferta seria o governo restringir "um pouco" o crédito ao consumidor.
Hugo Miguel Etchenique, presidente da Bramotor S.A., que controla a Multibrás (Brastemp, Consul e Semer), diz que o governo brasileiro não pode tratar a questão das alíquotas de importação unilateralmente porque participa do Mercosul.
"No Mercosul, a tarifa comum para importação de terceiros países é de 20% no caso dos eletrodomésticos. Entendo que o Brasil deve se enquadrar nela. Sei que os argentinos estão até brigando para elevá-la."
Felippe Arno, diretor-presidente da Arno, diz que a empresa está operando com 35% de ociosidade. "Estamos abastecendo normalmente o mercado. Não há pressão para aumento de preços."

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