São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994
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Brasileiro lança livro com dicas para aplicação de técnica de energização

CLÁUDIA RIBEIRO MESQUITA
DA REPORTAGEM LOCAL

Publicado em mais de 30 línguas e com cerca de 5 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo desde seu lançamento, em 1988, o best seller "Zapp! O Poder da Energização", de William Byham (ed. Campus, 153 págs., R$ 13,50), ganhou um "parceiro" no Brasil.
Alfredo Pires de Castro, sócio-diretor da Trevisan Auditores e Consultores, lançou no início de setembro "Zapp! Em Ação" (ed. Campus, 190 págs., R$ 15,90), um livro com o passo a passo das técnicas de "empowerment" (energização) popularizadas por Byham.
Os oito capítulos resumem nove meses de pesquisas, análise de 30 empresas "zappeadas" e a experiência de 12 anos de trabalho.
Rolim Adolfo Amaro, presidente da TAM, Antonio Carlos Guimarães, diretor-executivo de recursos humanos da Xerox do Brasil e os depoimentos de outros 16 profissionais que implementaram o "zapp" em suas empresas compõem a primeira parte do livro.
A segunda parte dá conta dos princípios, técnicas e dicas de execução desse recurso utilizado por cerca de 7.000 organizações em mais de 60 países.
Castro propõe-se a ajudar a concretizar os ideais de Byham –que é presidente da Development Dimensions International, empresa de recursos humanos dos EUA à qual a Trevisan é associada.
A seguir, trechos da entrevista que Castro concedeu à Folha.

Folha - O que é o "zapp"?
Alfredo Pires de Castro - "Zapp" é motivação, sintetiza o que se desejaria que todos fizessem quando interagissem no ambiente de trabalho, assumindo as responsabilidades de suas tarefas, desenvolvendo interesse pessoal em melhorar o desempenho da organização. A palavra foi usada pela primeira vez no livro de Byham, uma fábula onde se pode ver as pessoas trabalhando e interagindo de forma energizada.
Folha - Em que medida o seu livro complementa o de Byham?
Castro - No livro de Byham só há a fábula. O "Zapp! Em Ação" é uma proposta de implementação das técnicas de energização. Nos últimos dois anos, a Trevisan incorporou às suas atividades o treinamento do "zapp" e notamos que ele era sensacional para motivar pessoas. Mas percebemos dificuldades na sua execução. Surgiu a idéia de coletar opiniões de pessoas que tiveram uma experiência de energização e transformar isso em um livro brasileiro.
Folha - Qual a ligação entre "zapp" e "empowerment"?
Castro - O "zapp" também pode ser visto dentro da espinha dorsal do "empowerment", que traduzimos como energização. Ele tem a vantagem de virar ao contrário a estrutura organizacional, que costuma ser pesada. O modelo costuma ser o seguinte: uma pessoa que manda, uma que executa e os soldados como base. As pessoas que estão no nível operacional são as que entram em contato com os clientes, são a empresa, na verdade. Por isso, elas precisam ser valorizadas.
Folha - Qual momento ideal para implementar esse recurso?
Castro - O "zapp" não é uma medida drástica. O momento mais adequado é quando a organização está bem e não quer ter a "síndrome do alpinista", ou seja, parar lá em cima e ficar "numa boa". Mas é mais frequente as pessoas procurarem por essa mudança quando a empresa está em dificuldades.
Folha - Nesse estágio o "zapp" não funciona?
Castro - Não diria isso. Mas talvez não tenha um retorno rápido. Quando se chega a uma situação dramática, o ponto central não é exatamente a relação entre as pessoas. Quando se está com dificuldades mais amenas, o talento das pessoas é importante.
Folha - Quanto tempo dura o treinamento e como é aplicado?
Castro - Um ano é o tempo médio de um processo de transformação. A aplicação deve ser de cima para baixo. Presidentes e diretores precisam ser "zappeados" em primeiro lugar. A média gerência vem em seguida e, depois, o nível operacional. Um líder "zappeado" consegue mover montanhas.
Folha - Quais são as principais transformações?
Castro - Quebram-se as barreiras entre pessoas, entre departamentos e melhora-se a qualidade do produto e a satisfação do cliente. Há até uma ferramenta chamada "zappômetro", um questionário que mede, antes e depois do treinamento, o grau de energização.
Folha - Houve dificuldades para transportar o "zapp" para a cultura brasileira?
Castro - Percebi que no Brasil há facilidade para trabalhar com as pessoas. O brasileiro se "zappeia" mais, é mais aberto. Somos "infantis" no nosso potencial. O trabalho aqui tem mais força.

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