São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994
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Jordi Cruyff nega privilégio no Barcelona

RODRIGO BERTOLOTTO
DA REPORTAGEM LOCAL

O meio-campista Jordi Cruyff cumpre um estranho destino: ser jogador de futebol de um time dirigido por seu pai, Johan Cruyff.
Nascido na Holanda em 1974, com 9 dias mudou-se para a Espanha, onde Johan, ainda jogador, iria jogar sua primeira temporada no Barcelona.
Aos 10 anos viu seu pai, o maior jogador da história do futebol holandês, se despedir dos gramados.
Hoje, aos 20, depois de jogar um ano e meio no time B do Barcelona (que disputa a segunda divisão do Campeonato Espanhol), ele quer se fixar como titular da equipe principal, compartilhando o campo com os superastros Romário, Koeman, Hagi e Stoichkov.
Domingo passado, pela segunda rodada do torneio, contra o Santander, Jordi começou jogando, fez um gol e sofreu um pênalti, convertido por Koeman.
A equipe catalã saiu vitoriosa (2 x 1) e o franzino meia recebeu elogios dos companheiros de equipe e da imprensa.
O preparo físico é ainda um dos obstáculos do atleta. O departamento médico do clube, porém, está dando a Jordi um programa especial de treinamento para aumentar sua massa muscular.
O filho de Cruyff conversou por telefone com a Folha na última quinta-feira.
A seguir, os principais momentos da entrevista.

Folha - Como é conviver com seu técnico e pai dentro e fora de campo?
Jordi - É mais simples do que pode parecer a todo mundo. Meu convívio com ele é, na verdade, muito bom.
Folha - Você acha que é favorecido no time de alguma forma?
Jordi - Não.
Folha - Vocês moram juntos?
Jordi - Sim.
Folha - Os horários de vocês coincidem?
Jordi - Passamos pouco tempo juntos fora do clube. Faço o terceiro ano de Administração de Empresas na faculdade e não fico muito em casa.
Folha - E sua estréia no Barcelona?
Jordi - Joguei 30 minutos na primeira rodada deste campeonato e comecei jogando a última partida. Acredito que posso formar com Hagi (meio-campista romeno, canhoto, um dos destaques durante a Copa do Mundo dos EUA) a dupla de meias ofensivos da equipe.
Folha - No ano passado, você jogou no time B do Barcelona, na segunda divisão. Como foi essa experiência?
Jordi - Muito difícil. Os jogadores lá são muito violentos. Sofria muitas faltas e, a toda hora, corria o risco de sofrer uma contusão séria.
Folha - Você tem se dado bem com os jogadores do time principal Barcelona? Eles não acham que você pode ser privilegiado por ser o filho do técnico da equipe?
Jordi - Não existe isso. Sou um jogador muito jovem e, reconheço, tenho muito o que aprender com eles.
Folha - Qual é a sua opinião sobre o atraso de Romário em seu retorno ao time (o atacante brasileiro esticou em quase um mês as suas férias no Rio de Janeiro após o Mundial dos EUA, à revelia do clube)?
Jordi - Quem sou eu para opinar sobre a conduta de Romário. Não sou ninguém para falar sobre o assunto.
Folha - Você já pensa em ser convocado para a seleção da Holanda?
Jordi - Acredito que ainda é muito cedo para discutir isso. Se eu conseguir me destacar neste campeonato, posso até pensar nisso. Há ainda a possibilidade de me naturalizar espanhol e jogar pela seleção.
Mas, por enquanto, não quero saber desse assunto. Quero me concentrar na equipe.

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