São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

África do Sul busca recuperação esportiva

FERNANDO ROSSETTI
DE JOHANNESBURGO

O esporte sul-africano sofre, atualmente, de falta de experiência internacional.
Durante mais de uma década, os desportistas profissionais do país foram impedidos de participar de eventos mundiais por causa da política racista do apartheid, sustentada pelo seu governo até o início dos 90.
Desde o ano passado, quando foi acertada a eleição que levou à Presidência o negro Nelson Mandela, a África do Sul voltou a tomar parte no cenário esportivo internacional.
Mas os resultados ainda não têm agradado a crítica esportiva do país.
"Parece que vamos ficar só com essas duas medalhas de bronze, mesmo", comentou uma reportagem do jornal "The Star", o maior diário de Johannesburgo, sobre a primeira participação da equipe sul-africana nos jogos olímpicos da Comonwealth, em Vitória, Canadá.
"A democracia não é uma garantia de sucesso no campo", escreveu o comentarista esportivo Dave Beatti, em um artigo onde avalia o retorno do esporte sul-africano ao cenário internacional.
Mas a "nova" África do Sul tem tido sorte: no dia da posse de Mandela, 10 de maio, a seleção nacional de futebol venceu uma partida amistosa contra a Zâmbia, outro país africano.
O significado dessa vitória não se limita à área esportiva. O futebol é o esporte preferido dos negros sul-africanos, que compõem 76% da população.
Rúgbi, críquete, tênis e golfe –esportes que deram mais destaque internacional ao país– são praticados por brancos (pouco mais de 10% da população).
Foi o golfe que trouxe os melhores resultados internacionais para a África do Sul, desde que o novo governo tomou posse. Seus jogadores venceram os Abertos dos EUA e da Grã-Bretanha.
No tênis, a África do Sul conseguiu se classificar no Grupo Mundial, chegando às quartas-de-final da Copa da Federação.
No futebol, após a vitória contra a Zâmbia, o país perdeu duas vezes da Austrália.
No rúgbi, perdeu uma e ganhou outra partida da Inglaterra e foi derrotado duas vezes pela Nova Zelândia.
A queda do apartheid abriu, ainda, as portas para atletas de outros países. Os norte-americanos, principalmente, iniciaram uma série de intercâmbios.
A onda começou no mês passado com atletas da NBA, a liga profissional de basquete dos EUA.
Astros como os pivôs Patrick Ewing e Dikembe Mutombo, este nascido no Zaire, deram aulas de fundamentos do esporte a jovens estudantes no país.

Com a Redação

Texto Anterior: Portugal muda lei para dupla nacionalidade
Próximo Texto: Esporte pode quebrar últimas barreiras raciais
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.