São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994 |
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O RENASCIMENTO DO GLOBE
SÉRGIO MALBERGIER
Construído entre 1598 e 1599, o Globe é um dos templos da história da dramaturgia. Não foi o primeiro teatro da Inglaterra (o marco é do Theatre, de 1576), mas é, graças a Shakespeare, o ápice do teatro elisabetano. Foi no reinado de Elizabeth 1ª que o teatro conheceu um dos seus maiores florescimentos. Na época, além da revalorização propriamente renascentista da cultura clássica, desenvolveu-se na Inglaterra um forte interesse pela identidade nacional, em grande parte incentivada pela necessidade de se estabelecer no país a religião anglicana em oposição a Roma. Em 1590, um decreto da igreja inglesa proibiu os autores de dramatizarem temas religiosos, o que os levou a abandonar os autos e mistérios de origem medieval. Eles começaram a tratar de assuntos históricos ou mitológicos e a não temerem a referência a episódios seculares ou contemporâneos. Tudo isso reunido, além da distância que a cultura inglesa mantinha da tradição latina e suas regras dramáticas, conduziu o país a um momento teatral único. Shakespeare foi o vulcão desta era impetuosa e o Globe foi o palco onde ele deu vida a seu universo de dramas demasiadamente humanos. Demolido em 1644, o teatro deixou raros registros históricos de sua existência, e quase acabou por tornar-se, como Shakespeare, um verbete das mitologias. Em 1989, redescobriram suas ruínas e, agora, estudiosos tentam recuperar do modo mais aproximado possível suas condições originais. Texto Anterior: O Brasil é um país de réus Próximo Texto: De Londres Índice |
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