São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994 |
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Suécia deve voltar hoje à social-democracia
OSCAR PILAGALLO
Se concretizada a expectativa, a eleição que agora se realiza coloca o país em rota de colisão com a tendência dominante na economia mundial, o neoliberalismo. A dúvida é se obterão maioria absoluta ou se terão que fazer alianças com pequenos partidos de centro e de esquerda. A vantagem, folgada até fins de agosto, estreitou na última semana. O Partido Social Democrata, de Ingvar Carlsson, tem a preferência de 45% do eleitorado, pela média das pesquisas. Com as agremiações que lhe dão sustentação, ficaria com a metade dos votos. A coalizão conservadora, com o primeiro-ministro Carl Bildt à frente, soma cerca de 43%, em quatro partidos. As pesquisas refletem a reação dos suecos à frustrada tentativa de priorizar o mercado justamente na Escandinávia, a região européia onde o Estado de bem-estar social encontrou seus limites. Sem contar com o entusiasmo dos outros partidos da coalizão, Bildt deixou as reformas no meio do caminho. A modernização, por exemplo, fez triplicar para quase 15% o índice de desemprego e ainda não deu os frutos da eficiência. O desemprego, resultado também da recessão, não chega a ser um grave problema social num país que garante a quem não trabalha 80% do último salário (era 90% antes de Bildt). O mais difícil é financiar o salário-desemprego. No ano passado, o governo canalizou US$ 10 bilhões para cobrir essa despesa, o equivalente a 5,7% do PIB. Os gastos com assistência a desempregados são responsáveis por metade do déficit. Para manter essa estrutura, o novo governo terá que elevar os impostos. A opção foi apresentada claramente pelos social-democratas, e tudo indica que não será rejeitada pelos eleitores. Depois de dominar a política da Suécia na maior parte deste século, a social-democracia não conseguiu, no entanto, passar incólume pelo liberalismo e deverá emergir numa versão menos radical. A principal razão da mudança é a provável integração da Suécia à União Européia. Em novembro, será realizado um plebiscito e os próprios social-democratas fazem campanha a favor. Com isso, estarão limitando a liberdade do governo de comprometer as finanças públicas com gastos sociais. Os países-membros da comunidade são obrigados a seguir metas orçamentárias destinadas principalmente a controlar déficits. Será uma adequação difícil num país onde, segundo o jornal "Financial Times", a renda principal de dois terços do eleitorado vem do setor público. Texto Anterior: Antinazista assumiu no pós-guerra Próximo Texto: Demografia é questão crucial para o mundo Índice |
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