São Paulo, domingo, 18 de setembro de 1994
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Embaixador dos EUA; Artista e esquerda; Promessas vãs; Marketing do PT; Aids e complacência; Crítica musical; Filósofo criticado

Embaixador dos EUA
"Surpreenderam-me as críticas de Otavio Frias Filho de 15/09 (pág. 1-2) à entrevista que dei à Folha, dando a entender que eu teria sido presunçoso ao dizer que 'aceitaria receber' a visita dos candidatos à Presidência do Brasil. Na verdade, não foi assim que me expressei em inglês, tendo havido, obviamente, um lapso de interpretação. O que eu disse é que gostaria de encontrar-me com os candidatos. Na verdade, fiz contato com seus comitês de campanha, solicitando encontro com eles quando e onde lhes fosse conveniente. Claramente, não lhes pedi que viessem ao meu encontro. Já me encontrei com o sr. Fernando Henrique Cardoso em seu comitê, em Brasília; com o sr. Leonel Brizola em seu apartamento; e com o sr. Orestes Quércia em seu comitê. Também solicitei encontro com o sr. Luiz Inácio Lula da Silva, mas infelizmente nossas respectivas assessorias ainda não conseguiram acertar data e horário em que ambos estivéssemos disponíveis para conversar. Estou de pleno acordo com o senhor: é mesmo um bom sinal que entrevistas do embaixador americano não causem mais comoção. É um sinal de que o relacionamento entre os Estados Unidos e o Brasil atingiu alto nível de maturidade, o que nos permite, eu espero, trocar idéias e discutir conceitos com liberdade e franqueza, como deve acontecer entre dois parceiros adultos, respeitados e importantes como são os nossos países. Agradeço a oportunidade de retificar minhas declarações."
Melvyn Levitsky, embaixador dos Estados Unidos da América (São Paulo, SP)

Artistas e esquerda
"Artista realmente vive no mundo imaginário. A cantora Marina declarou (Folha, 17/7): 'Vou votar no PT. O Brasil precisa de um governo de esquerda onde o povo tenha importância maior que tudo'. Gostaria de lembrar a cantora que os países governados pela 'esquerda' (URSS, Cuba, China, Albânia etc.) são os que menos dão dignidade à pessoa humana, mais agridem a ecologia, dirigem a produção artística etc. 'Esquerda' já era, cara cantante."
Mário J. Rubitt (Vinhedo, SP)

Promessas vãs
"Para alguém como eu que já teve dois irmãos assassinados, uma irmã com duas tentativas de violência sexual, também uma mãe com problemas no coração, tendo um revólver apontado no peito, para ter roubado o dinheiro da feira de domingo, fica difícil de acreditar em cada eleição nos heróis de plantão que prometem, educação, saúde, moradia, alimentação, lazer e segurança. A não ser que isso eles prometam para os seus próprios filhos e família e eu não tenha entendido até agora."
Luiz Carlos dos Santos, coordenador do Centro Pastoral de Orientação e Educação à Juventude (São Paulo, SP)

Marketing do PT
"O PT tem o melhor candidato, é o melhor partido, tem as melhores propostas para viabilizar o país, tem o forte carisma do Lula e tem vontade política para resolver os grandes problemas do país, mas não consegue passar isso ao eleitor. A grande falha do PT está no marketing. O PT não sabe 'vender' o seu 'produto'. A campanha do Lula não está profissionalizada. Assessores de imprensa, jornalistas, comunicólogos, 'achólogos', 'palpiteiros', pessoal do comitê do partido etc. não são especialistas em 'vendas'. A campanha está mal direcionada. O PT dispensou o oferecimento de profissionais de marketing altamente especializados em 'vender' bem o 'produto' Lula."
Max Lopes Chaves (Rio de Janeiro, RJ)

Aids e complacência
"Na luta contra a Aids defrontam-se os rigorosos, que exigem respeito aos princípios preventivos básicos e corretos, contra os complacentes. Aqueles exaltam o valor do relacionamento sexual responsável, o combate efetivo à toxicomania e a adequada seleção de doadores de sangue. Os outros preconizam coisas mais agradáveis, como por exemplo o emprego desbragado e a doação gratuita de camisinhas, a distribuição de seringas com agulhas a drogados e a perigosa, além de problemática, lavagem delas com água sanitária. Agora, os permissivos, que não estão obtendo qualquer vitória, pois a doença afigura-se cada vez mais difundida, ganharam novo aliado: o Conselho Federal de Entorpecentes (Confen), que concordou com o fornecimento de seringas e agulhas, sem ônus, aos viciados. Portanto, esse órgão público associou ilegalidade à complacência."
Vicente Amato Neto (São Paulo, SP)

Crítica musical
"Em relação à série 'Cultura em Crise' e à situação da música no Brasil, é evidente que vivemos um momento difícil. Prova disso é o espaço que um crítico como o sr. Luis Antonio Giron tem neste veículo. A música brasileira, tão rica e diversa, merece profissionais da imprensa que atuem com maior seriedade, melhor preparados e que não tenham a pretensão de disfarçar sua ignorância com arrogância e falta de educação. A música brasileira desfruta, hoje, de um enorme prestígio por parte da comunidade musical e artística no mundo todo. Gostaria de sugerir o assunto 'Crítica musical no Brasil de hoje' para um debate e um maior aprofundamento deste tema neste jornal."
Benjamin Taubkin, músico e produtor (São Paulo, SP)

Filósofo criticado
"Lamentável o artigo do filósofo José Arthur Giannotti neste jornal em 11/09. Em contraponto com outro, na mesma edição desse grande jornal, do sr. Antonio Ermírio de Moraes, revela, cabalmente, a subserviência que existe entre parte da inteligência nacional e os desvelos canibais da elite brasileira. A filosofia da mistificação nunca teve alguém tão capaz de sofismas na tentativa de adequar a realidade miserável do povo brasileiro aos desígnios dos privilegiados. Pobre filosofia, no passado era caminho de iluminação; hoje, de manipulação."
Braúlio Luna Filho (São Paulo, SP)

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