São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 1994
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Presos se rebelam e incendiam delegacia

DA REPORTAGEM LOCAL E DO NP

A carceragem do 30º DP, no Tatuapé (zona leste de São Paulo), foi depredada e incendiada por 103 presos na noite de anteontem.
O tumulto começou às 20h30, depois de os carcereiros descobrirem um plano de fuga maciça. A rebelião terminou às 5h45, com a presença do juiz-corregedor Maurício Porto Alves, que negociou com uma comissão de presos.
Para conter a rebelião, os carcereiros deram tiros na direção das celas, sem sucesso.
Armados de barras de ferro, pedaços de paus e pedras, os presos começaram a depredar a prisão.
Eles impediram a entrada da polícia e incendiaram a cadeia. Dois carros do Corpo de Bombeiros foram chamados para apagar o fogo.
Para evitar a fuga, policiais da Rota (Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar) cercaram o prédio. Os presos atiraram pedras nos policiais.
O delegado Carlos Eduardo Duarte de Carvalho tentou conversar com os presos, mas eles exigiram a presença do juiz-corregedor.
As reivindicações eram: transferência para a Casa de Detenção, assistência médica, melhor alimentação e mais rapidez nos processos em andamento.
Segundo o delegado titular do 30º DP, são gastos R$ 15 mil mensais com a alimentação dos presos, que chega a incluir "camarão e frutas de sobremesa".
"Eles ficam das 10h às 5h no pátio, todos os dias, tomando sol e jogando futebol, além de receberem visitas íntimas", disse.
Os presos também acusaram os carcereiros de atirar contra eles com a intenção de matar.
Nos últimos quatro anos nenhum preso fugiu da delegacia.
Após a negociação da comissão de presos com o juiz e três delegados, os detentos foram todos transferidos para outras delegacias, pois a carceragem do 30º DP ficou destruída.
Fuga
Cinco presos fugiram, às 14h de ontem , do 49º DP, em São Mateus (zona leste de São Paulo).

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