São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 1994
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Estudo diagnostica males do solo

SILVIA BITTENCOURT
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE COLÔNIA

Cientistas alemães estão reivindicando uma convenção internacional para a proteção dos solos da Terra.
Num relatório divulgado em Bonn, eles alertam para o que chamam de "doenças" dos solos e pedem um maior engajamento do governo no sentido de iniciar um debate internacional sobre o tema.
Os pesquisadores pertencem ao Conselho Científico de Mudanças Globais do Meio Ambiente, criado em 1992 pelo governo alemão e responsável pelo relatório.
O estudo aponta 12 síndromes dos solos provocadas pela ação do homem. Uma delas é a "Síndrome de São Paulo", numa alusão à capital paulista.
Esta síndrome tem sua origem no crescimento desordenado de grandes cidades.
Um colaborador científico do Conselho, Carsten Lose, disse à Folha que principalmente as cidades grandes de países em desenvolvimento sofrem da "Síndrome de São Paulo".
Também é o caso da Cidade do México e do Cairo, que recebem de forma descontrolada imigrantes vindos do campo, o que prejudica o solo.
Já nos grandes centros urbanos de países industrializados, o conselho diagnosticou a "Síndrome de Los Angeles".
Neste caso, grande parte da população prefere morar em subúrbios, o que exige uma ampliação (muitas vezes não planejada) da infra-estrutura da cidade.
"Aqui a pressão é de dentro para fora", diz Lose.
Segundo o estudo, a ação do homem está alterando a composição da troposfera, a camada mais baixa da atmosfera. Gases prejudiciais ao meio ambiente acabam se acumulando nos solos, alterando-os.
Além disso, os próprios solos de regiões com atividades agrícolas permanentes tornam-se fontes de gases que contribuem para o efeito estufa.
Segundo o relatório, o crescimento populacional levou à exploração descontrolada dos solos, sem considerar sua capacidade.
Como consequência, perderam-se muitas áreas antes propícias à agricultura, afetando a produção de alimentos.
O relatório também cita como causas das "doenças" dos solos o desmatamento, a exploração de matéria-prima, a construção indevida de estradas e até guerras.
Na América do Sul, o desmatamento é apontado como principal causa da deterioração do solo.
Os cientistas concluem que, principalmente nos países em desenvolvimento, os solos atingiram seus limites de capacidade, aumentando a fome e levando, muitas vezes, a distúrbios políticos, guerras e fuga em massa.

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