São Paulo, segunda-feira, 19 de setembro de 1994
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Tucano sai em defesa de Maciel

DO ENVIADO A RECIFE E PALMARES E DA REPORTAGEM LOCAL

Fernando Henrique Cardoso, candidato do PSDB à Presidência, saiu anteontem em defesa de seu vice, Marco Maciel, suspeito de receber dinheiro do empresário PC Farias em 1990.
FHC disse não aceitar a hipótese de afastar Maciel da campanha. "Eu jogo a minha eleição nisso. Para mim é uma questão ética o Marco ficar até o fim", disse o tucano.
FHC havia acabado de saber de reportagem da revista "Veja", segundo a qual Maciel teria recebido dinheiro de PC para financiar sua campanha ao Senado por Pernambuco nas eleições de 1990.
"Trata-se de uma armação, uma montagem", disse FHC. "Marco Maciel é um homem de bem, de reputação ilibada. Querem abalar a minha candidatura abalando o vice. Pois bem, não tem mais esse perigo. Ninguém vai abalar a candidatura Maciel", afirmou.
Maciel negou "categoricamente qualquer envolvimento com o senhor PC". Mas, durante visita ontem a Palmares, admitiu que sua campanha e a do atual governador de Pernambuco, Joaquim Francisco, eram sujeitas a uma administração centralizada.
Conforme a Folha revelou no final de 1992, PC Farias disse ter repassado recursos para a campanha de Joaquim Francisco, em 1990.
O que a Polícia Federal detectou foi um cheque de uma conta fantasma de PC para outra conta fantasma, que supostamente abastecia o comitê de Joaquim Francisco.
"Havia um comitê central que administrava toda a campanha. Do governador aos deputados federais e estaduais. Os candidatos naturalmente tinham seus próprios comitês. Mas quero dizer que nossas contas foram prestadas à justiça eleitoral e tudo de acordo com a lei", disse Maciel.
Maciel lembrou que rompeu com o governo de Fernando Collor de Mello durante a CPI que apurou as denúncias contra PC. "E se eu tivesse algum envolvimento já naquela época eles teriam dito", afirmou o candidato a vice.
O senador afirmou que pretende "tomar as medidas judiciais cabíveis" a respeito da notícia. Quanto a Fábio Catão, o chamou de "um desclassificado que infelizmente namorou minha filha e tentou roubá-la".
Catão se diz testemunha da operação. Ex-diretor do Detran em Pernambuco, ele procurou o PT de Recife para fazer a sua acusação no dia 9 de agosto.
A conta, segundo Humberto Costa, deputado estadual do PT-PE, foi aberta em nome dos "fantasmas" Carlos Souto e Ana Maria Terra Souto, na agência Boa Viagem do Banco Itaú, em Recife, ainda em 89. O objetivo, na época, seria movimentar dinheiro arrecadado para a campanha de Collor.
Joaquim Francisco nega que tenha recebido dinheiro de PC. "Não sei nada de contas fantasmas, nunca recebi dinheiro de PC Farias."
Mercadante
Aloizio Mercadante, candidato a vice de Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que hoje a direção do PT deve analisar o episódio com sua assessoria jurídica para saber, em que termos, entrará com recurso à Justiça Eleitoral.
Segundo ele, a sociedade, em nome da valorização da ética na política, tem o direito de saber a verdade antes mesmo das eleições.

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