São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Entre tantos Juninhos, que vença o melhor

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, o Corinthians precisa benzer os novos jogadores contratados. Luisinho foi expulso na estréia. E a estréia do Célio Silva deu nostalgia do Gralak.
Paulo Roberto, CS, Henrique e Branco. No papel, uma grande defesa. No campo, um desastre. Defesa a peso de ouro jogando com pés de barro.

Há algum tempo entrou em voga os Júniors. O responsável pela moda foi aquele grande lateral-esquerdo do Flamengo que chutava com o pé trocado, o direito.
(Atenção: mas não com o pé quebrado. Vivemos não só o momento de pés direitos e pés esquerdos na política, mas também de polêmicas literárias).
É fácil explicar a origem. Afinal, é mais fácil ser chamado pelos locutores de Júnior do que de Leovegildo.
Inclua-se aí aquele adjetivado etnicamente de Baiano. Por causa deste, os são-paulinos não sabem se os Júniors vieram para o bem ou para o mal do fut.
Não tardou muito, e os Júniors tiveram seus descendentes. O primeiro deles –se não me engano– foi o Juninho, aquele que deixou Campinas e a Ponte Preta pelo Parque São Jorge e o Corinthians.
Há pouco tempo o Morumbi viu o
duelo entre os Juninhos do Botafogo carioca e do São Paulo (o Telê gostou do nome, pois escala o Senior e o Little).
Não sei como andou o Juninho da estrela solitária contra a Portuguesa, no domingo. O do São Paulo, no sábado, não justificou a camisa, o salário e... o nome que está na moda.
Se aquele Juninho que saiu da Ponte (aliás, de um grande time da macaca) estivesse no lugar do Célio Silva, talvez a defesa do Corinthians não desse o vexame, ó xente, que deu no Recife.
Mas quem apresentou um Juninho –e do bom– foi o Sport. Ainda um teen como o Zé Elias. Mas mais preocupado em jogar futebol –e não em destruir adversários, opção preferencial do corintiano.
Em algum lugar por aí neste mundo de Deus, na manhã tão bonita manhã, hoje tem um velho e gordo boêmio feliz. Feliz com este Juninho capaz de ninar gente grande com o seu futebol.

Júnior era um lateral-esquerdo que jogava com o pé trocado. Durante a Copa, o técnico argentino Alfio Basile escalava os laterais de forma invertida –o canhoto do lado direito e vice-versa.
Um destes laterais era Jose Chamot. Acabada a Copa, Chamot passou a jogar na Lazio, de Roma, na zona central da defesa, como líbero.
Até a rodada do final de semana, o zagueiro argentino era um dos "darlings" da temporada. A Lazio vinha bem e ele era apontado como o seu comandante.
No domingo, Chamot marcava Gullit impecavelmente. O rude Gullit e o seu Milan vinham mal. Tomaram um baile do Ajax. Vinham e continuaram. Por pouco, não perderam em casa para a Lazio.
Em dois relâmpagos –não mais do que isto– Gullit refez seu nome em cima de Chamot. A história é sempre mais injusta com os zagueiros.

Só alguém com o nome Amoroso poderia ter feito aquele gol contra o Vasco: com o coração.

Texto Anterior: Para Confederação, Marsiglia ainda apita; O NÚMERO; Brasileiro lidera torneio no México; Times do Rio não querem mudança; África do Sul quer sediar Copa de 2006; Jovem de 14 anos morre atropelado
Próximo Texto: Mudanças
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.