São Paulo, terça-feira, 20 de setembro de 1994
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Mudanças

FÁBIO SORMANI

Notícias vindas dos EUA dão conta de que a NBA está preocupada com os baixos marcadores nos jogos da liga. Tencionam mudar algumas coisas, entre elas a linha dos três pontos, deixando-a num local intermediário entre a atual (7,25 m do aro) e a da Fiba (6,25 m).
Mudar as regras, a meu ver, vai mudar pouca coisa. O que falta à liga não são regras novas, mas sim Michael Jordan, Larry Bird e Magic Johnson. Eles eram os responsáveis pelo show na NBA, pelos marcadores dilatados, pela bola em constante namoro com o aro.
O basquete de hoje na NBA é sinônimo de força. É mais de garrafão e menos de periferia. E os novos astros são todos pivôs –Shaquille O'Neal, Olajuwon, Pat Ewing e David Robinson.
As defesas realmente ditaram a moda na temporada passada.
As equipes tiveram uma média de pontos por partida de 101,5 –contra 105,3 da temporada 92/93. Os "field goals"(todos os arremessos menos os lances livres) caíram de 47,3% de acerto para 46,6%.
Em 1.003 ocasiões (de um total de 2.214 possibilidades) o marcador não superou a casa dos 100 pontos –embora na outra temporada isso tenha ocorrido 727 vezes. Nenhuma equipe conseguiu uma porcentagem de 50% nos "field goals".
A defesa está no sangue do basquete norte-americano. Lenny Wilkens, técnico do Atlanta Hawks, costuma dizer o seguinte: "Se você consegue marcar, está vivo no jogo". Para quem não sabe, Wilkens se converteu no ano passado no segundo treinador a atingir mais de 900 vitórias na carreira e este ano deverá superar a marca de Red Auerbach, o legendário técnico do Boston Celtics, que ganhou 938 jogos como treinador –contra 926 de Wilkens.
Outro treinador de ponta da NBA, Pat Riley, é outro apaixonado pela defesa. Seu New York Knicks permitiu aos adversários apenas 43,1% de acerto nos "field goals". A média é a quarta mais baixa da NBA desde que se determinou os 24 segundos de posse de bola, na temporada 54/55.
Pode ser que algumas modificações dêem à NBA mais mobilidade e, consequentemente, produzam marcadores mais dilatados. Mas só com o surgimento de novos craques é que a situação vai mudar. E há luz do fim do túnel. Afinal, como ignorar o surgimento de Latrell Sprewell, Anfernee Hardaway, Isaiah Rider, Clarence Weatherspoon e Steve Smith?

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