São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 1994
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SP precisa privatizar para pagar o Banespa

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Como o Banespa, na outra ponta, tem compromissos a pagar, como juros e resgate dos papéis que emite, fica obrigado, a todo dia, tomar dinheiro emprestado de outros bancos ou do Banco Central.
Ou seja, socorros como os que o BC tem prestado nas últimas semanas apenas quebram o galho do Banespa. A médio prazo, o banco paulista precisa de outra solução: que seus devedores paguem de algum modo.
Entre os 121 maiores bancos brasileiros, conforme análise da EFC-Engenheiros Financeiros e Consultores, o Banespa ocupa o último lugar no conceito de "liquidez corrente".
Esse conceito, conforme explica Carlos Coradi, da EFC, mede a relação entre o que o banco tem a receber e o que precisa pagar, num determinado ano.
Pelos dados do balanço de 1993, o Banespa tinha um índice de 0,66 de liquidez corrente. Significa que para cada real a pagar o banco tinha 66 centavos a receber.
Eis porque o Banespa precisa se financiar todo dia. É como se fosse buscar emprestado os 34 centavos que lhe faltam.
Isso significa que o Banespa financiou os gastos do governo paulista e suas estatais. Significa ainda que o governo paulista vem gastando mais do que arrecada com impostos. Estoura os gastos e manda a conta para o Banespa.
É o que ocorre em quase todos os governos estaduais.
O presidente do Banco Central, Pedro Malan, vem dizendo que não vai mais jogar dinheiro federal nesse buraco sem fundo, pois isso é uma fonte de inflação.
A equipe econômica quer uma solução duradoura. E só existe uma, no caso do Banespa, a privatização das estatais paulistas. O governo vende suas empresas ou parte delas e capitaliza o Banespa.
Esse é o grande problema do próximo governador de São Paulo.

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