São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 1994
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BC atua para segurar dólar e reduzir ágio

Pequeno volume e grande impacto, define consultor

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A intervenção de ontem do Banco Central (BC) no mercado de câmbio teve duas finalidades: 1) evitar que o dólar comercial (exportações e importações) caísse abaixo do piso de R$ 0,85 e; 2) reduzir a diferença (ágio) entre as cotações do dólar comercial e do flutuante (dólar-turismo).
"Foram operações de pequeno volume mas de grande impacto", resumiu o ex-presidente do BC Gustavo Loyola, hoje sócio da MCM Consultoria.
"O BC está atuando como acontece em qualquer lugar do mundo, sinalizando ao mercado uma tendência para as cotações e procurando evitar oscilações bruscas", disse o ex-diretor da Área Internacional do BC Emílio Garófalo Filho, atualmente consultor da Líbero.
A disposição do BC em voltar a intervir no mercado ficou clara no início do dia. Pela manhã, o BC comunicou aos bancos que reativará sua mesa de compra e venda de ouro, desativada desde 1991.
As cotações do ouro e do dólar são vinculadas tanto no Brasil como no mercado internacional.
Para Garófalo, a medida tem um objetivo: criar novos canais de atuação ao BC de forma a possibilitar um "enxugamento" no próprio mercado cambial das emissões de reais provocadas pelas compras de dólar comercial. Toda vez que o BC compra dólar, ele emite reais.
No lançamento do Plano Real, o BC surpreendeu o mercado ao anunciar que não faria mais intervenções no mercado de câmbio, para não injetar reais na economia. O governo anunciou também uma meta de emissão da nova moeda.
Até então, se imaginava que o BC atuaria para manter o dólar em paridade fixa com o real (de US$ 1,00 por R$ 1,00).
Foi uma de suas declarações -de que não haveria limites para queda– que provovou o recorde de baixa das cotações do dólar –chegou a ser negociado abaixo de R$ 0,85.
A queda recorde obrigou o BC a mudar a sua forma de atuação. Na semana passada, o BC anunciou que poderia fazer pequenas intervenções no mercado, em vez dos leilões amplos de antigamente. Foi o que aconteceu ontem.
Na avaliação de Gustavo Loyola, o BC "mostrou que não está morto". Para o economista, caso o cenário não mude, o dólar comercial ficará na casa de R$ 0,85 até o final do ano.
"O BC não poderá comprar a torto e a direito, porque estaria expandindo o volume de reais na economia", disse Loyola. A avaliação é compartilhada por técnicos do BC.

Colaborou a Reportagem Local

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