São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 1994 |
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Rei dos zulus rompe com chefe do Inkatha
FERNANDO ROSSETTI
O rei zulu cancelou ontem as comemorações do Dia de Shaka, que ocorrem desde 1954 em 24 de setembro. Disse também que rompeu relações com Buthelezi, seu principal conselheiro há 23 anos. Buthelezi afirmou não ter sido informado de sua destituição e conclamou seus seguidores a manterem as comemorações de sábado. O racha tende a favorecer o CNA (Congresso Nacional Africano), partido do presidente Nelson Mandela, de quem, aparentemente, o rei zulu está se aproximando. A rivalidade entre simpatizantes do CNA e do Partido da Liberdade Inkatha –do qual Buthelezi foi chefe militar– deixou cerca de 10 mil mortos nos últimos cinco anos. A disputa atual começou no início do mês, quando o rei convidou Mandela a participar das comemorações de Shaka –um guerreiro zulu do início do século 18. Buthelezi reclamou que, ao fazer isso, Zwelethini teria rompido com a tradição, segundo a qual o conselheiro mais antigo do rei é que deve convidar autoridades para festividades dos zulus. Desde então, mais de 30 pessoas foram assassinadas na província de KwaZulu-Natal (leste da África do Sul), onde fica o palácio de Zwelethini. Anteontem, Mandela visitou Zwelethini e foi aconselhado a não participar da festa, por haver risco de atentado. Cerca de cem partidários de Buthelezi apedrejaram o helicóptero do presidente e o palácio do rei. "Abaixo Mandela", gritavam. Segundo Zwelethini, sua vida está em perigo. "Fui insultado e minha propriedade destruída." O principal candidato ao posto de novo conselheiro do rei é Mcwayizeni Israel Zulu, inimigo de Buthelezi há 26 anos. Mcwayizeni é também muito próximo do CNA, partido que Buthelezi combateu durante décadas. O Inkatha só aderiu às primeiras eleições multirraciais do país, em abril, uma semana antes do pleito. O CNA –formado principalmente de negros xhosa– elegeu 252 deputados, contra 43 do Inkatha, em um Parlamento de 400 membros. Buthelezi recebeu o cargo de ministro do Interior no chamado Governo de União Nacional. Zwelethini, 46, sempre foi uma figura política apagada, usada pelo seu tio Buthelezi, 65, para angariar apoio do povo zulu ao Inkatha. Mandela, 76, disse ontem que gostaria de ir às comemorações do dia de Shaka para torná-las um evento nacional, não apenas zulu. Texto Anterior: Padre é o aliado mais improvável de Washigton Próximo Texto: "Marines" assumem o controle da capital Índice |
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