São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 1994
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Lula reafirma críticas ao processo eleitoral

EUMANO SILVA

EUMANO SILVA; PAULO YAFUSSO
ENVIADO ESPECIAL A CAMPO GRANDE (MS)

PAULO YAFUSSO
O PT decidiu assumir o artigo assinado pelo candidato do partido, Luiz Inácio Lula da Silva, publicado pela revista espanhola "Cambio 16". Nesse texto, Lula afirma que o processo eleitoral brasileiro se tornou "ilegítimo".
O secretário-geral do PT, Gilberto Carvalho, afirmou que o artigo reflete o pensamento do partido, embora tenha sido escrito por Lula e seus assessores diretos. A direção do PT não participou de sua elaboração.
"O processo eleitoral não é ilegal, mas é ilegítimo. Há uma vergonhosa e reconhecida utilização da máquina federal na campanha do candidato de outro partido", disse Carvalho, referindo-se a Fernando Henrique Cardoso, candidato do PSDB.
No Rio, antes de embarcar para Campo Grande (MS), Lula não quis confirmar os termos do artigo. Evitou falar sobre a legitimidade das próximas eleições.
"Estou falando é da democracia do processo eleitoral. É só ver a quantidade de cestas básicas distribuídas em época de eleições e a manipulação dos meios de comunicação para constatar que ainda estamos distantes de fazer uma eleição democrática", afirmou.
Um dos assessores de Lula, logo após a primeira pergunta da Folha sobre o teor do artigo, orientou o candidato para evitar o assunto. "Ele não vai falar mais sobre o artigo", disse o assessor, que não se identificou.
Em Campo Grande, o presidenciável do PT disse que não acha contraditório nem aético assumir a Presidência, em uma eventual vitória, depois de participar de uma eleição que afirma ser "iletítima".
"A denúncia foi feita para que as pessoas fiquem mais atentas e se preparem melhor para o processo eleitoral", justificou.
O petista realizou um comício na cidade. Em seu discurso, voltou a acusar so aliados de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, de terem acesso a aposnetadorias, na sua opinião, injustas.
Os aliados do tucano citados por Lula como beneficiários dessas aposentadorias foram o ministro da Fazenda, Ciro Gomes, o candidato a vice-presidente, Marco Maciel, e o ex-presidente José Sarney.
"Ciro tem direito a pensão vitalícia por ter sido governador por menos de quatro anos. Marco Maciel tem aposentadoria depois de ser governador biônico, e o Sarney tem várias aposentadorias. Por que desgraça os trabalhadores têm de trabalhar durante 35 anos para ter direito a se aposentar?", disse.
O petista também afirmou que FHC defende a privatização da Previdência Social, o fim da aposentadoria por tempo de serviço e a separação entre o salário dos aposentados e o salário mínimo.
No ato de Campo Grande, o PT tentou passar uma imagem de otimismo e alegria. O ato foi iniciado ao som da música "Primavera", de Vivaldi e Lula recebeu de presente um boneco em forma de flor.
No comício estavam presentes os atores Antonio Grassi, Janaína Diniz e Marcos Winter.

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