São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 1994 |
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Gushiken quer fiscalização do Executivo
GUSTAVO KRIEGER
Ele é o parlamentar que mais apresentou representações pedindo que a Procuradoria Geral da República investigasse denúncias de corrupção no governo federal. Gushiken, 44, fez carreira como sindicalista. Foi dirigente do Sindicato dos Bancários entre 1979 e 1986, quando se elegeu deputado federal pela primeira vez. Foi presidente do PT entre 1989 e 1991. Leia os principais trechos da entrevista à Folha: Folha - Qual será sua prioridade se for reeleito? Luiz Gushiken - Meu mandato centrou muito sua atuação em cima da fiscalização do Executivo. Tenho uma experiência acumulada. Sou o deputado que apresentou o maior número de representações no Ministério Público. Eu praticamente inaugurei esta ação parlamentar junto ao Ministério Público, visando investigar atos irregulares do poder público. Folha - Como melhorar a fiscalização da administração pública? Gushiken - Em vista dessa experiência, eu tenho algumas idéias. A primeira é recriar na Câmara dos Deputados a Comissão de Fiscalização e Controle, que foi extinta nesta legislatura. Ela permite que os deputados, de uma maneira mais autônoma, consigam fiscalizar e investigar os atos irregulares do poder público. Em segundo lugar, a experiência nos mostrou que dificilmente se consegue levar a cabo em um mandato o julgamento de uma denúncia que você faz. Você leva para o Ministério, que demora um tempo para analisar. Se o Ministério Público achar que deve apresentar denúncia ele manda para um juiz, que vai analisar e designar um delegado que vai investigar o caso. O processo é muito moroso. Acho que deveríamos aumentar os poderes do Ministério Público, a exemplo do que ocorre na Itália, onde o procurador tem um poder muito grande de investigar e até pedir a prisão preventiva de suspeitos. Folha - Que propostas o senhor apresenta de reforma do Estado? Gushiken - Acompanho com atenção a situação dos bancos públicos. No Brasil se critica muito o gigantismo dos bancos públicos, mas eles cumprem um papel importante. Principalmente o Banco do Brasil no apoio à agricultura. É uma área em que os bancos privados não entram, porque o crédito é subsidiado. O Banco do Brasil poderia ter muito mais recursos sem nenhum aumento de custos. Bastaria que a legislação obrigasse as empresas estatais a aplicar seus recursos em bancos públicos. O governo não teria prejuízo, porque o BB pagaria taxas de mercado. Folha - Como restaurar a credibilidade do Congresso? Gushiken - O problema da ética na política depende de lideranças capazes de adotar uma postura que determine a conduta de outros políticos. Para começar, o poder Executivo tem que adotar uma conduta exemplar. O parlamentar se corrompe quando vê no Executivo espaço para implementar interesses próprios. Folha - O senhor é favorável à reforma da Constituição na próxima legistura? Gushiken - Sou a favor de alterações da Constituição, especialmente para a reforma tributária. Acho que podemos examinar ponto a ponto esta reforma, mas acredito que uma revisão total é muito difícil, como mostrou a experiência do ano passado. Texto Anterior: Partidos recorrem contra candidatura em SC Próximo Texto: Guerra entre Lula e FHC vive trégua nos camarins Índice |
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