São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 1994
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Maluf adere à candidatura Munhoz para forçar 2º turno contra Covas

CARLOS MAGNO DE NARDI
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPR), decidiu aderir à candidatura de Barros Munhoz (PMDB) ao governo do Estado.
Maluf não vai divulgar o apoio formalmente por temer ser classificado de oportunista, mas vai interromper suas aparições públicas ao lado de Luiz Antônio de Medeiros, candidato da coligação PPR/PP.
A adesão se traduz em um documento da bancada do PPR na Câmara de São Paulo em apoio ao peemedebista, divulgado ontem, e à liberação dos administradores regionais da prefeitura para trabalharem pela candidatura de Munhoz.
Orientado por Maluf, o secretário das Administrações Regionais, Nieto Martins, liberou ontem os administradores para apoiar e divulgar o nome de Barros Munhoz.
A decisão do prefeito visa a manter um canal de negociação com o futuro governo do Estado, o que, na avaliação do PPR, não ocorreria com a eleição de Mário Covas (PSDB), líder nas pesquisas de intenção de voto.
Convencido de que Fernando Henrique Cardoso (PSDB) deve vencer a eleição presidencial, o prefeito da capital quer garantir pelo menos um aliado no governo estadual. Maluf ainda tem dois anos à frente da prefeitura.
Desastre
Os vereadores do PPR afirmam que o apoio à candidatura peemedebista acontece em função do "desastre eleitoral" de Luiz Antonio de Medeiros e ao crescimento de Munhoz nas pesquisas de intenção de voto.
Na última pesquisa Datafolha, publicada no dia 19 de setembro, Munhoz oscilou dos 10% das intenções de voto para 12%. Covas oscilou de 48% para 46%.
O líder do partido na Câmara, Bruno Feder, diz, por exemplo, que o lançamento de Medeiros "foi um erro político do partido". No início da campanha, em maio, pesquisa Datafolha mostrava que Medeiros tinha 5% das intenções de voto. Oscilou para 7% em junho, seu índice mais alto.
Na última pesquisa ele atingiu seu índice mais baixo, 4%.
A margem de erro das pesquisas é de três pontos porcentuais, para mais ou para menos.
Barros Munhoz começou sua campanha com 5% e passou a subir até atingir os atuais 12%.
Mário Covas, com os 46%, detém nove pontos porcentuais à frente da soma dos índices dos demais candidatos, 37%.
O presidente da Câmara e candidato ao Senado pelo PPR, Miguel Colassuono, diz que "a polarização da disputa força o partido a se decidir entre Munhoz e Mário Covas". Colassuono, porém, diz não ter recebido nenhum comunicado oficial de Maluf.
O governador Luiz Antonio Fleury Filho e Munhoz se disseram surprsos com a adesão. Fleury avaliava que Maluf só anunciaria o apoio num eventual segundo turno.
Munhoz afirma que o apoio é uma demonstração de que sua candidatura está crescendo e que as eleições para o governo do Estado terão segundo turno.

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