São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 1994
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Preço do feijão sobe 16% em três dias

JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
DA REDAÇÃO

O feijão voltou a subir esta semana em ritmo acelerado. O preço médio da saca de 60 quilos do carioquinha no atacado de São Paulo subiu 16% desde segunda-feira e atingiu ontem R$ 43,50.
A seca nas regiões produtoras e a escassez do produto aumentaram a especulação de preços no mercado. Houve redução da oferta da Bahia e de Goiás e terminou a safra de inverno paulista.
"Não acredito em explosão de preços como no início do ano, mas a tendência é de alta", diz Nelson Batista Martins, pesquisador do IEA (Instituto de Economia Agrícola), de São Paulo.
Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), nos últimos três anos as cotações médias do carioquinha no atacado paulista variaram de US$ 32 a US$ 43 entre setembro e dezembro.
Martins prevê que os preços ultrapassem R$ 50 até dezembro por causa do atraso nas colheitas de São Paulo e Paraná.
O governo não tem estoques suficientes e de qualidade para vender em leilões e tentar conter a alta. Os estoques financiados pelo Banco do Brasil e da Conab possuem cerca de 18 mil toneladas.
Apenas 20% do produto estocado foram colhidos na última safra. O restante está estragando, admitem técnicos da Conab, e não tem colocação no mercado.
A área técnica da Conab não é tão pessimista. A safra irrigada do Distrito Federal e de Goiás pode amenizar problemas no abastecimento e segurar as altas, afirma um técnico da empresa.
Normalmente iniciado em agosto, o preparo do solo para as sementes continua parado.
Agrônomos de cooperativas, órgãos dos governos estaduais e cerealistas projetam atraso entre 30 e 60 dias para as primeiras colheitas.
Quando o clima favorece a plantação, a safra das águas começa a ser colhida em novembro.
Caso não chova na segunda quinzena de outubro, a quebra pode atingir 40%. A colheita normalmente começa em novembro, mas a estiagem vai retardar a safra para janeiro.
No Paraná, o Departamento de Economia Rural estimava o plantio de 561 mil hectares, 7,5% acima da área em 93.
Flávio Turra, agrônomo da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná), avalia que a seca deve manter a área próxima aos 522 mil hectares de 93.
As poucas chuvas no início do mês normalizaram o plantio da cultura no sudoeste do Paraná. Porém, a estiagem continua impedindo o preparo do solo no oeste e norte do Estado.
Aury Bodanese, presidente da Coperalfa (cooperativa de Chapecó), diz que o plantio deve somar 100 mil hectares no oeste catarinense, área semelhante à de 93.
Se o clima ajudar, a produção na região deve ficar próxima a 150 mil toneladas. Entretanto, as primeiras colheitas só chegam em São Paulo no final de dezembro.

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