São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 1994 |
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Gangorra das expectativas
LUÍS NASSIF Com as eleições presidenciais praticamente decididas, a questão que se coloca é sobre os rumos da economia até o próximo ano.Os últimos dados da Fipe, indicando inflação inferior a 1%, ajudaram a incendiar mais ainda o imaginário empresarial. Há muito tempo não se via uma euforia de negócios igual. No dia 4 de outubro, encerradas as eleições, "Cinderela", se não chega a virar abóbora –em função de uma conjunção mais favorável de fatores estruturais e culturais–, no mínimo deixará de ser princesa e terá que pegar no batente. Já há informações concretas de pressões de preços ao longo da cadeia produtiva. Tais pressões eram previsíveis desde que o plano foi pensado. Se o governo mostra determinação, aborta-as rapidamente. Se não mostra, é engolido em dois tempos. De um lado, cabe à política econômica apontar o fogo do inferno da ampliação da abertura econômica e manutenção da política cambial. Na outra, acenar com o paraíso das reformas estruturais que estimule as empresas e ingressarem numa segunda rodada de ganhos de produtividade. Como há dúvidas de sobra sobre a determinação do candidato Fernando Henrique Cardoso, em conduzir as reformas, os instrumentos cambiais e monetários terão que ser utilizados com mais rigor, a fim de conter apostas contra o plano. Por isso mesmo, essa euforia atual tenderá a arrefecer até o primeiro semestre do próximo ano. Se o próximo governo demonstrar capacidade reformista, retoma-se a euforia. Caso contrário, saia da frente. Britto responde A coluna recebe carta do ex-ministro da Previdência Antônio Britto a respeito de críticas contra sua gestão à frente do órgão. Diz ele: "Tenho, à disposição toda a documentação que mostra que, em 93, a Saúde recebeu do Tesouro Nacional recursos além daqueles previstos no Orçamento anual. Naturalmente, a Saúde não dispõe de todos os recursos necessários. No entanto, a crise é antiga e agravou-se após a Constituição de 88. Querer responsabilizar a Previdência pela situação de calamidade da Saúde é desconhecer a história dos fatos". A coluna lembra apenas que antes de Britto o Orçamento da seguridade era suficiente para financiar Saúde e Previdência. Hoje não garante sequer a Previdência, que precisou se valer de recursos do Fundo Social de Emergência para fechar as contas. Texto Anterior: Cesta básica atinge seu menor custo desde o dia 30 de maio Próximo Texto: CNI pede mudanças no câmbio Índice |
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