São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 1994
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CNI pede mudanças no câmbio

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O retorno do BC (Banco Central) ao mercado de câmbio, ocorrido anteontem, se deu no mesmo dia em que o presidente da CNI (Confederação Nacional das Indústrias), Mário Amato, enviou carta ao ministro da Fazenda, Ciro Gomes, pedindo mudanças na política cambial.
A carta foi baseada em um documento do Departamento Econômico da CNI que concluia ser "imprescindível" a correção da política cambial.
Ainda segundo o trabalho da CNI setores "tradicionais" da pauta de exportações brasileiras, principalmente os que usam mais mão-de-obra, já enfrentam dificuldades para se manterem competitivos no mercado.
A CNI considera que as recentes medidas de desregulamentação do mercado de câmbio terão resultados em prazos díficeis de se prever. "Não cabe descartar a hipótese de um agravamento do desequilíbrio no mercado cambial em virtude de uma maior intensidade nos fluxos de entrada de capitais externos, após a resolução do pleito eleitoral", considera o documento.
A CNI afirma ainda, no documento, que "bancos centrais dificilmente deixam de intervir quando ocorrem valorizações ou desvalorizações de 10% ou 15% em um prazo de dois meses, como tem acontecido no Brasil".
"Essa intervenção se justifica mesmo em mercados transparentes e fluidos, quanto mais em mercados regulamentados ou em processo de desregulamentação", como o brasileiro, conclui a entidade.
A confederação pede também que sejam tomadas quatro providências para que se faça uma política "coerente" de melhoria da competitividade das exportações. São elas: desonoreção fiscal, melhoria da infra-estrutura, principalmente de transportes e portos, aperfeiçoamento do financiamento, com a criação de seguro de crédito e política cambial estável.
No mesmo dia em que Amato e o vice-presidente do Conselho de Integração Internacional da CNI, Osvaldo Douat assinaram a carta enviada ao ministro, o BC interveio no mercado.

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