São Paulo, quinta-feira, 22 de setembro de 1994
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Clinton condena violência no Haiti

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, condenou ontem a violência policial contra civis haitianos e ordenou o desembarque de 1.000 policiais- militares norte-americanos para ajudar a contê-la.
O pronunciamento do presidente ocorreu depois de uma onda de críticas contra a passividade das tropas dos EUA diante de espancamentos de dezenas de pessoas, inclusive mulheres, mostrados pelas redes de TV norte-americanas.
Durante toda a noite de terça-feira essas cenas foram repetidas. Algumas emissoras mostraram soldados norte-americanos comentando que gostariam de poder intervir para acabar com a violência, mas não podiam.
Também foram exibidos na TV depoimentos de civis haitianos indignados por não poderem expressar sua alegria pela chegada dos militares dos EUA e perguntando "por que, afinal, vocês vieram?".
A Casa Branca disse a jornalistas que Clinton ficou irritado com o que viu pela TV. Mas ele não alterou a política de deixar os conflitos de rua serem resolvidos pela polícia e pelo Exército do Haiti.
Para apaziguar os ânimos da opinião pública, disse que "essa conduta não pode e não será tolerada" e que "a simples presença dos policiais-militares vai diminuir a violência".
Clinton alertou: "A situação não vai mudar da noite para o dia. Mas hoje ela é melhor do que ontem e ontem foi melhor que anteontem".
Seu chefe da Casa Civil, Leon Panetta, afirmou: "Vamos deixar bem claro ao general Cedras (líder da junta militar haitiana) que o tipo de situação documentado ontem não pode se repetir".
O comandante das tropas de ocupação, general Henry Shelton, se reuniu com Cedras para discutir a situação. Até o final da tarde não havia notícia de incidentes como os da véspera em Porto Príncipe.
O Senado dos EUA aprovou ontem por 94 votos a 5 resolução que pede uma "retirada rápida e ordeira" das tropas do Haiti. Clinton informou ao Congresso que a presença militar dos EUA no Haiti vai durar "alguns meses".
O senador John McCain, do partido de oposição a Clinton, e que foi prisioneiro de guerra no Vietnã, fez ontem um dos mais fortes discursos até agora contra a política do presidente para o Haiti.
McCain disse que "a paciência do povo norte-americano não é tão grande assim" e logo vai "se esgotar" devido às concessões de Clinton aos militares haitianos.

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