São Paulo, domingo, 25 de setembro de 1994
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FHC aprova Sarney presidente do Senado

LUCIO VAZ
ENVIADO ESPECIAL A SÃO LUIS

O candidato do PSDB a presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, disse ontem que vê com "bons olhos" a possível eleição do senador José Sarney (PMDB-AP) como presidente do Senado. Mas acrescentou que não pretende influir na disputa.
"Interferência do Executivo na vida do Legislativo nunca deu bom resultado. Tem que deixar amadurecer. Se é contra o Executivo, o Executivo entra. Se não é, deixa correr", disse FHC.
Perguntado se a eleição de Sarney seria contra os interesses do seu possível governo, o candidato do PSDB disse: "O senador Sarney seria a favor, claro".
Em entrevista concedida à Folha e ao jornal "O Globo", Sarney disse que aceitaria ser presidente do Senado se recebesse a missão de comandar a reforma constitucional proposta por FHC.
Sarney acrescentou que vai trabalhar internamente no PMDB para que o partido apóie em bloco o governo FHC. Vai enfrentar a resistência de Orestes Quércia, que quer ver o partido na oposição.
FHC foi homenageado com um jantar na casa de Sarney, em São Luis, anteontem à noite. A recepção teve um clima informal, mas serviu para que Sarney esclarecesse algumas dúvidas com o vice de FHC, senador Marco Maciel (PFL-PE).
Logo na chegada da comitiva de FHC, Sarney procurou Maciel e afirmou: "Olha, Marco. Gosto muito do Palmeira (Guilherme Palmeira, ex-vice de FHC), mas gostei quando soube que era você o vice".
"Torci por você, embora algumas pessoas tenham dito que eu tinha restrições ao seu nome. Quando disseram isso, eu já tinha dado entrevista à Folha aprovando o seu nome", disse Sarney.
O anfitrião tratou FHC como presidente eleito. Na chegada dos visitantes, chamou a netinha para cumprimentar o candidato tucano: "Vem cá, Maria Fernanda. Venha cumprimentar o presidente".
Participaram do jantar a candidata do PFL ao governo do Maranhão, Roseana Sarney, e os candidatos ao Senado, o ex-governador Edison Lobão e o senador Alexandre Costa.
Na manhã de ontem, FHC visitou o teatro Artur Azevedo, que foi reconstruído no governo de Lobão, a um custo de US$ 10 milhões. Construído em 1817, o teatro é o mais antigo do país. Está todo informatizado e equipado com sistema de vídeo e som digitais.
FHC brincou com os efeitos especiais produzidos no palco do teatro. Na noite anterior, ele ficou assustado quando assistiu ao lançamento de um foguete na base de Alcântara. Pensou que fosse um meteorito. Maciel pensou que fosse um OVNI (objeto voador não identificado).

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