São Paulo, domingo, 25 de setembro de 1994
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Admiração por Florestan e Viola não é recíproca

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Viola não demonstra grande entusiasmo com o fato de ser ídolo de Lula e Florestan Fernandes dá mostras de estar decepcionado com o caminho político trilhado por FHC -seu antigo discípulo na USP (Universidade de São Paulo).
Petista histórico e eminente eleitor de Lula, Florestan afirma que decidiu "há tempo" não emitir opiniões sobre FHC. "Há uma amizade a preservar e nós estamos em posições políticas diversas."
Mas durante evento em apoio a Lula realizado terça-feira na USP, o ex-professor de FHC não escondeu suas críticas.
Afirmou que o tucano não tinha o direito de defender uma causa e depois abandoná-la, "passando para o outro lado do barco".
Lula também enfrenta dissidências entre seus ídolos. Viola resiste a falar sobre política e se recusa a revelar seu voto –mas acaba admitindo que ele não vai para Lula.
O petista torce há anos para o Corinthians, time de Viola. Durante a Copa do Mundo, defendeu com insistência a entrada do atacante no time titular de Carlos Alberto Parreira.
O máximo de concessão que Viola faz é dizer que acha "legal" Lula torcer por ele e pelo Corinthians. Mas garante: "É um torcedor como outro qualquer."
Não é apenas a habilidade de Viola como jogador que Lula admira. Ele elogia a sua "alegria e irreverência", características que considera próprias dos brasileiros.
Lula vê em Viola a molecagem e a boa malandragem que deram ginga e cor ao futebol pré-Parreira. Diz a nova metafísica influente do futebol que de nada adianta jogar bonito se não se conquista o título.
Florestan e FHC mantêm contato até hoje. Há algumas semanas, FHC fez questão de visitar o professor, que se recuperava de uma cirurgia. O professor diz se sentir "reconhecido" por ser mencionado como ídolo do discípulo.
(CT)

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