São Paulo, domingo, 25 de setembro de 1994
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Brasil entra no circuito do turismo para homossexuais

ALESSANDRA BLANCO; DANIEL CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os agentes de turismo brasileiros estão descobrindo o mercado homossexual. Acaba de ser criada em São Paulo a primeira agência do país filiada a uma associação internacional de turismo gay.
Em novembro, deve chegar às bancas um guia com todos os lugares frequentados por homossexuais em 85 cidades brasileiras. A edição é bilíngue (português e inglês), para nativos e estrangeiros.
No próximo fim-de-semana, um avião e pelo menos um ônibus partem de São Paulo levando gays e lésbicas a bordo. Destinos: Buenos Aires (Argentina) e Serra Negra, no interior do Estado (leia abaixo).
A Get Together é única agência brasileira filiada à Igta (International Gay Travel Association), que possui 907 membros no mundo.
A mala direta da agência já tem 5.000 possíveis clientes, mas, de acordo com o diretor, Eugênio Assis, 26, pode chegar a 25 mil. Isso porque, segundo Assis, 5% da população brasileira é homossexual.
Segundo a primeira pesquisa de opinião norte-americana sobre esse mercado, gays e lésbicas fizeram 162 milhões de viagens em 1992.
"É um público que investe muito mais em si mesmo", diz a diretora Laura Bacellar, 33.
A Get Together vai programar viagens para qualquer parte do mundo. Basta o cliente telefonar e dizer para onde quer ir e será montado um roteiro com bares, boates, restaurantes, cinemas, teatros, museus e livrarias gays.
No próximo fim-de-semana, será feita a primeira viagem, para Buenos Aires, com 50 gays e lésbicas. "É a primeira vez que vou fazer uma viagem assim. Quem sabe será uma oportunidade para conhecer alguém interessante", disse o professor S.T., 25.
Em novembro será realizado um cruzeiro, também para Buenos Aires. Há ainda um cruzeiro no Mediterrâneo só para lésbicas e o carnaval gay na Austrália em março.
No Brasil, a Get Together auxiliará turistas estrangeiros. "O estrangeiro que chega aqui não tem hoje como localizar os pontos gays", disse Laura.
O presidente da Igta, Kevin Kailey, disse ontem à Folha por telefone, de San Francisco, que são feitas três viagens com grupos gays para o Brasil por ano, mas que esse número deve aumentar.
Principalmente porque a 17ª Ilga (International Lesbian and Gay Association) será realizada no Rio em 1995 com cerca de 2.000 homossexuais.

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