São Paulo, domingo, 25 de setembro de 1994
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A verdade é que o seguro morreu de velho

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Pelo sim, pelo não, o técnico Jair Pereira resolveu voltar à fórmula que se vai tradicionalizando no nosso futebol. Por isso, o Corinthians enfrenta hoje o Criciúma no seguro 4-4-2, depois da experiência malograda do esquema mais ofensivo que aplicou na última derrota.
Assim, Boiadeiro, que até poderia jogar, por força do efeito suspensivo obtido pelo Corinthians na Justiça esportiva, cede seu lugar a Marcelinho Souza. Traduzindo: sai um meia, entra um médio, mais afeito à marcação.
E mais: lá na frente, desloca-se Viola para o comando de ataque, o jovem Marques vai para o banco e o veterano Casagrande, já habituado ao combate de meio-campo, passa a compor esse setor central, ao lado de Zé Elias, Marcelinho Souza e Souza.
Claro que Jair Pereira pode argumentar que resolveu reforçar a marcação de seu meio-campo para compensar as ausências de Paulo Roberto e Branco, nas laterais. Mas a verdade é que seguro morreu de velho. Além do mais, Jair não é um treinador dado a arriscar muito, tampouco empreender vôos mais altos, sobretudo dirigindo um time tão sensível a pressões como é o Corinthians. Por isso mesmo, empenhou-se tanto na contratação de um grupo de jogadores de longa quilometragem nos campos de futebol, com a intenção de conseguir resultados imediatos.
Nessa direção, faz sentido. O diabo é que, na prática, o pragmatismo parece ter falhado. Afinal, a grande vantagem de rechear uma equipe com veteranos é a de pegar um atalho no caminho ao entrosamento. Mas, apesar da experiência da turma recém-contratada, o tal de entrosamento ainda está longe. Como já vamos entrar na segunda fase do Brasileiro, o bom senso sugere muita cautela. e esse, enfim, é o verdadeiro jogo de Pereira.

O Santos vai a Belém do Pará, com um peso extra na bagagem: os quatro gols que o Independiente lhe pespegou em Avellaneda, na quinta-feira passada. Foram quatro mas poderiam ter sido oito, se os gringos não tivessem perdido tantas chances ao final da partida.
Mas nada mais injusto para o Santos, que, enquanto estava com 11 em campo, portou-se com muita dignidade, mesmo depois de levar os dois primeiros gols. Tocou bem a bola, criou algumas oportunidades e parecia mesmo criar um clima muito favorável, até que o lado esquerdo de sua defesa adernasse. Depois, com a expulsão de Índio, aí a coisa ficou feia.
Resta saber se Serginho consegue reaprumar o moral da tropa para encerrar com fecho de ouro sua boa participação no Brasileiro, esta tarde, contra o Remo.

Por falar em Supercopa, milagre não foi o São Paulo bater o Nacional, lá em Medellín, por 2 a 0, praticamente assegurando sua classificação para a próxima etapa do torneio. Milagre é ver Júnior Baiano, na sua terceira ou quarta partida consecutiva, absolutamente impecável lá atrás. Preciso na marcação, ágil na cobertura, limpo no desarme, Júnior ainda se deu ao desplante de fazer o lançamento de 40 metros que pegou Euller na entrada da área para marcar o segundo gol tricolor, numa jogada antológica.
Se nada tivesse feito no futebol, só a criação desse Júnior daria o título de mestre a Telê. No sentido ontogenético.

Afinal, quem são os senhores do tal conselho de sentença do futebol brasileiro, que distribuem penas a torto e a direito? Alguém já ouviu falar deles?

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