São Paulo, domingo, 25 de setembro de 1994
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Vôlei tem 'rede de espionagem' na Europa

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

As seleções femininas de vôlei de Itália e Romênia vão se enfrentar duas vezes em outubro.
No fundo da quadra, na arquibancada, um espectador, com câmera de vídeo nas mãos, estará filmando todos os detalhes de movimentação das romenas.
Seu nome: Radamés Lattari. Profissão: técnico de vôlei na Itália. Função na partida: "espião" a serviço do técnico da seleção brasileira feminina de vôlei, Bernardo Rezende, o Bernardinho.
Lattari é um dos "agentes" da rede de espionagem montada por Bernardinho na Europa para se informar sobre os adversários do Brasil no Campeonato Mundial da categoria.
A seleção brasileira estréia na competição dia 21 de outubro em Belo Horizonte. O adversário: a Romênia, o time que Lattari vai "espionar" nos amistosos contra a Itália.
Para conseguir fitas com imagens da seleção alemã, o segundo oponente no Mundial, Bernardinho recorreu a um expediente comum antes e depois da Guerra Fria –a colaboração entre "serviços de informação" de países diferentes.
Ele recebeu dos técnicos das seleções da Holanda e da Itália os vídeos. Aquelas equipes enfrentaram várias vezes as alemãs este ano, mas o Brasil, não.
"Em troca, enviamos imagens que fizemos de seleções que os técnicos da Itália e da Holanda conhecem pouco", diz Bernardinho.
Para o estudo de tática do vôlei, são ineficazes videoteipes de televisão.
"A câmera tem que ficar no fundo de quadra para se ver em perspectiva a movimentação", explica.
A comissão técnica de Bernardinho tem usado uma câmera de vídeo Panasonic, comprada pela Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).
Nos torneios oficiais, só as seleções participantes têm direito a filmar as partidas.
"Mas quem está fora da competição dá um jeito de se misturar com o público e gravar", conta o treinador. No caso do Brasil, ele só proíbe filmagem de treinos.
Se numa partida uma jogadora passou 30 vezes pela posição de saque, eles editam numa fita as jogadas de ataque e a colocação da defesa da equipe com esse posicionamento.
Assim, sabem se houve mais ataques pelas pontas ou pelo meio, se na diagonal ou no "corredor" (paralela), para que ponto da quadra do outro time a bola foi disparada.
Em seguida, fazem as estatísticas e treinam as atletas para combater as jogadas mais eficientes das adversárias.
Coordenador da rede de espionagem, Bernardinho acha impossível armar uma contra-espionagem eficaz.
"Hoje todo mundo conhece o jogo de todo mundo; o intercâmbio é enorme. O máximo que dá para fazer é preparar uma ou duas surpresas nos treinamentos", diz o técnico.

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