São Paulo, domingo, 25 de setembro de 1994
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Cacá Diegues aponta influências

LÚCIA NAGIB
ESPECIAL PARA A FOLHA

Em novembro do ano passado participei de um debate no MIS, no qual descrevi as contribuições do Cinema Novo ao Novo Cinema Alemão. Na mesa encontrava-se também Cacá Diegues, que mais tarde enviou-me uma carta. Leia abaixo alguns trechos.

"Eu morava em Paris, quando o Dib Lutfi foi filmar com o Peter Fleischmann, numa cidade perto de Frankfurt, tendo como assistente de câmera o Lauro Escorel. Fui visitá-los durante a filmagem, a convite de Peter. Era uma loucura a relação entre os dois, a tentativa de se fazerem entender. Ficou registrado na minha mente o difícíl relacionamento entre duas culturas, dois modos de fazer estranhos um ao outro, mas ao mesmo tempo atraidíssimos pelos resultados mútuos. A tentativa de inverter um espelho côncavo, se você entende o que quero dizer."
"Em setembro de 1981, participei de uma mesa-redonda no Festival de Telluride (Colorado, USA), com Samuel Fuller, Francesco Rossi e Volker Schloendorff, coordenada por Anette Insdorf. Foi lá que ouvi, pela primeira vez, a famosa história do filme matogrossense de Fuller. Nessa ocasião, Volker Schloendorff declarou que "Os Herdeiros" era uma das fontes de "O Tambor". Amigos meus franceses me confirmaram ter lido a mesma declaração em jornais de lá."
"Há um par de anos atrás, os "Cahiers du Cinéma" entregou a Wim Wenders a edição de seu número 400, como havia feito antes com Renoir (o nº 100), Welles (o 200) e Godard (o 300). Ele prestou homenagem a uns 40 cineastas do mundo inteiro. Não havia um só brasileiro ou latino-americano na lista.
No Festival de Cannes seguinte, o interpelei a esse propósito. Ele ficou constrangido, e me disse que tinha se esquecido dos latino-americanos. Depois, Pascale Dauman, uma de suas produtoras, me disse que ele não gosta de cinema brasileiro."

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