São Paulo, domingo, 25 de setembro de 1994
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Alemanha faz teste antes de eleger chanceler

SILVIA BITTENCOURT
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE COLÔNIA

Cerca de 8,7 milhões de alemães vão hoje às urnas escolher o novo Parlamento da Baviera, de onde sairá o próximo governador daquele Estado.
Trata-se do último teste para os partidos que também concorrem, no próximo dia 16, para o Parlamento alemão.
Pesquisas recentes indicam que os bávaros deverão optar mais uma vez pela União Social Cristã.
O partido conservador CSU governa o Estado há mais de 40 anos e há 25 anos conquista maioria absoluta nas eleições.
A CSU é uma espécie de "partido-irmão" da também conservadora União Democrática Cristã (CDU), à qual pertence o chanceler da Alemanha, Helmut Kohl (primeiro-ministro do país).
Ela está coligada com a CDU em nível federal. Em nível estadual, ela concorre apenas na Baviera, onde a CDU está ausente. Nos outros Estados, é a CDU que concorre nas eleições.
No pleito de hoje, o que está incerto é com que vantagem percentual a CSU será eleita.
Uma vitória sem maioria absoluta seria vista como uma derrota.
A CSU pretende se fortalecer para as próximas eleições federais e dessa maneira exercer mais influência sobre um eventual novo governo de Helmut Kohl.
Atualmente, a CSU ocupa cargos importantes no governo federal, como o do ministro das Finanças, Theo Waigel.
Até o começo do ano, acreditava-se que a tradicionalmente conservadora Baviera (o maior Estado alemão, situado no sul do país) viveria grandes mudanças.
No ano passado, o então ministro-presidente (governador) bávaro, Max Streibl, renunciou ao cargo por envolvimento em um escândalo de corrupção.
Por duas vezes ele teve suas férias no Brasil financiadas por uma empresa, o que é irregular.
A CSU saiu abalada pelo escândalo e o Partido Social Democrata da Alemanha (SPD) viu suas chances crescerem na Baviera.
Mas com o novo ministro-presidente do Estado e candidato à reeleição, Edmundo Stoiber, a CSU conseguiu se recuperar e permanecer como favorita no pleito.
Além da CSU, os principais partidos que concorrem na Baviera são o SPD, o ecológico Aliança 90-Verdes e o liberal Partido Democrático Livre (FDP).
Os Republicanos, partido de extrema-direita, também estão na disputa. Mas este ano eles estão em baixa (não elegeram ninguém para o Parlamento Europeu) e na Alemanha vêm perdendo votos para partidos conservadores como CSU e CDU.
Com sua candidata, Renate Schmidt, relativamente popular no Estado, o SPD tenta obter pelo menos 30% dos votos na Baviera, o que fortaleceria o partido para as eleições de 16 de outubro.
O SPD se saiu bem no último pleito realizado, há duas semanas no Estado de Brandemburgo (ex-Alemanha Oriental), onde conquistou maioria absoluta.
Mas continua difícil para os social-democratas bater Kohl, que está no poder há mais de dez anos.
A popularidade do chanceler vem subindo nos últimos meses, inclusive na região da antiga Alemanha Oriental, que mais sofre com os efeitos da reunificação do país, desde 1990.
Também há duas semanas, a CDU de Kohl saiu como a grande vencedora das eleições estaduais da Saxônia, onde conquistou a maioria absoluta.

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