São Paulo, domingo, 25 de setembro de 1994
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Papel da mídia; Alianças eleitorais; Artigo de Lula; Comício do PT; Administradoras de imóveis; Jânio Quadros

Papel da mídia
"Após 20 anos de ditadura militar, acreditei que a mídia brasileira se acostumaria rapidamente a informar seus eleitores sobre a realidade brasileira. Na impossibilidade de ler 'O Estadão', por motivos óbvios, depositei na Folha minha esperança de uma informação digna, honesta, transparente e sobretudo imparcial. Pensei, ou melhor, acreditei, que este jornal daria valor igual, peso igual às notícias referentes a um ou outro partido, fosse este governista ou oposicionista. Acreditei que todas as dúvidas levantadas por este jornal seriam dirimidas até o fim, pois o nosso povo, acostumado com o poder dos 'coronéis', só se lembra do que estes querem que ele se lembre. Onde andam os processos do Pedro Paulo Leone, Cláudio Humberto, Cláudio Vieira, Paubrasil etc.? A Folha está parcial até com relação aos artistas. Por que Regina Duarte/FHC merecem primeira folha por um simples almoço e o apoio de Chico Buarque ao partido da patuléia no comício em Porto Alegre merece fotografia no meio do jornal? Fico me perguntando se o Brasil não deveria conhecer o verdadeiro FHC: digno, honesto, cristalino, que nunca minimizaria atitudes de um ministro que falaria às escondidas, mas no fundo às claras 'não tenho escrúpulos em esconder coisas ruins'. Por que FHC não está dando a real importância ao caso Marco Maciel? Por que os jornalistas, tão ávidos por notícias, não questionam para valer o candidato FHC? Os artigos do Janio de Freitas deveriam ser as manchetes deste jornal. As pessoas sérias passam esta seriedade em seus artigos. Tomara que este jornalista continue acreditando na Folha e, principalmente, acreditando na importância do seu papel na política brasileira. Discute-se tanto a importância da TV, mas a imprensa é insubstituível. Por que não explicar ao nosso povo o que é reserva cambial em vez de simplesmente utilizar o linguajar economês? Não venham me dizer que a Folha atinge determinado número de pessoas. Um jornal de um país de maioria semi-analfabeta deveria fazer 'um esforço' para chegar ao menos ao nível dos que têm 2º grau. Poderia levantar questões sobre a parcialidade deste jornal em relação a Leonel Brizola, Orestes Quércia (nunca absolvido para este jornal), Amin, Enéas etc. Sinto saudades do tempo de ombudsman do Caio Túlio, pois esta atual ombudsman é osso duro de roer. Não somos petistas, somos cidadãos interessados no bem maior de nosso povo, assim como pretendemos que seja a linha editorial e de redação da Folha."
Maria José Thereza Brochado de Mendonça Chaves, seguem-se oito assinaturas (Poços de Caldas, MG)

Alianças eleitorais
"O professor Castaneda diz, na Folha, que somente da aliança PT-PSDB podem provir as profundas transformações democráticas que o país requer. Dada a divisão atual, resta dizer que num governo Lula haverá aliança com o PSDB, enquanto que num governo FHC, não, porque o PT, com razão, não aceitará participar de um governo com o PFL."
Emir Sader (São Paulo, SP)

Artigo de Lula
"As declarações de Lula na revista 'Câmbio 16' são extremamente graves. Ele acusa a 'grande imprensa' de estar apoiando FHC, e por isto, tacha o processo eleitoral de 'ilegítimo', já rejeitando o resultado das urnas. O argumento é golpista e autoritário, ao exigir, é claro, censura à imprensa, eliminando seu suposto apoio a FHC."
Gabriel Lopes Rodrigues (Belo Horizonte, MG)

"O editorial de 22/09 intitulado, 'O artigo de Lula', onde o autor é acusado de leviandade e tachado de irresponsável, distorce o real intuito da matéria do candidato Lula à revista espanhola. O que é criticado no texto não é apenas a legitimidade pura das eleições no país, mas sim a falta de ética dos meios de comunicação e dos próprios políticos que já estão e pretendem continuar governando este país, através de alianças politiqueiras incoerentes com as histórias destes partidos até então. Os editorialistas deste jornal não devem esquecer que Lula também é um brasileiro e tem liberdade de expressão."
Rafael Lamardo (São Paulo, SP)

Comício do PT
"A Folha, em sua cobertura sobre os comícios do PT em São Paulo no último dia 18, afirmou que o candidato do PT ao governo estadual, José Dirceu, teria sido atingido por uma pedra em um dos comícios. Não é verdade. De onde a Folha tirou este fato, não reportado por nenhum dos jornais concorrentes? Mais objetivas e precisas foram as emissoras de rádio, que destacaram as reclamações do público presente aos comícios contra uma pequena minoria que tentava criar tumultos e salientaram a ausência do policiamento nos locais dos comícios."
Celso Horta, assessor de imprensa do comitê Zé Dirceu Governador (São Paulo, SP)

Nota da Redação – O fato foi presenciado pela repórter fotográfica Adriana Zehbrauskas. Por volta de 19h do dia 18, quando algumas pessoas começaram a atirar pedras no palanque do PT, o candidato a governador José Dirceu foi atingido por uma pequena pedra no abdômen. A própria fotógrafa levou uma pedrada na cabeça.

Administradoras de imóveis
"Em resposta ao artigo de José Roberto Graiche publicado no dia 18/09, gostaria de dizer que: 1) Há administradoras filiadas à Aabic (Associação das Administradoras de Bens, Imóveis e Condomínios de São Paulo) que sequer fazem seguros dos prédios corretamente; 2) A Aabic utiliza propaganda enganosa. Várias afiliadas não se enquadram no próprio código de 'custo-regulamentação' ou de 'ética'; 3) Administradoras que não fazem parte do cartel podem cobrar preços menores sem serem punidas pela Aabic. Nem por isso são, necessariamente, piores que as da Aabic; 4) Contrato bem feito facilita a garantia de direitos do condomínio. O da Aabic defende interesses corporativistas; 5) Honorários que não sejam percentuais da receita (despesa) não propiciam às administradoras serem sócias do dinheiro do prédio e serem beneficiadas por seus erros, negligências, desonestidades; 6) A Aabic acoberta 'façanhas' das afiliadas. Para todas as afirmações possuo documentos. Alguns fornecidos à Folha, mas as matérias foram abortadas."
Henrique C. Reis (São Paulo, SP)

Jânio Quadros
"Uma vez que o digníssimo vereador Alberto Hiar porta-se com uma agressividade inesperada através do Painel do Leitor, achei por bem esclarecer-lhe alguns pontos acerca de minha biografia, a qual, segundo parece, interessa bastante ao caro vereador. De fato, passei boa parte de meus 21 anos no exterior. Isso, ao invés de me desabonar, acredito que oferece mais subsídios para enfrentar a ignorância e o preconceito de certos senhores. Quanto ao fato de ser brézileiro ou brasileiro, tanto faz a pronúncia. Brasileiro sou mais que o sr. Hiar, porque embora não tenha nascido aqui, escolhi o Brasil para viver e trabalhar, ao contrário de tantos outros que só pensam em rechear suas contas no exterior, para um dia morar em países estrangeiros. A propósito das 'desordens psicológicas' de minha família, vale lembrar que meu avô foi presidente da República."
Jânio Quadros Neto (São Paulo, SP)

"Jânio Quadros Neto, candidato a deputado estadual, mereceu de um vereador pouco conhecido críticas maldosas por ter reclamado, em entrevista à Folha , que o governador Fleury não cumpriu a sua palavra de transformar a casa de Jânio Quadros em seu memorial, homenagem ao grande brasileiro por virtudes reconhecidas mundialmente, como atestam troféus, medalhas e pergaminhos outorgados por vários países dos quatro cantos da Terra. Por que razão até hoje não foi cumprida a promessa do governador, reclamada por Jânio Quadros Neto, é pergunta que fica para ser respondida."
Tito Livio Fleury Martins (São Paulo, SP)

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