São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 1994
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PT aposta na militância para ir ao 2º turno

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT planeja forçar a realização do segundo turno da eleição presidencial "ocupando" a partir de hoje as ruas das principais cidades.
A aposta na mística da militância petista é a única esperança do partido para salvar a candidatura Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a última pesquisa Datafolha, realizada de 21 a 23 deste mês, Lula tem 22% das intenções de voto. Fernando Henrique Cardoso (PSDB) tem 47%. Se a eleição fosse hoje, não haveria segundo turno.
Na última semana da campanha, Lula participará de pelo menos oito comícios em capitais. O encerramento da campanha está marcado para sexta-feira, em Recife.
O PT pretende organizar blocos de militantes para panfletagens em ruas e casas. A intenção é criar um fato político que evite o clima de derrota que, embora não seja reconhecido publicamente pela direção do partido, se instalou há um mês entre petistas menos passionais.
A boca-de-urna também está sendo planejada pelo PT. O partido confia na ambiguidade das interpretações da lei que restringe a propaganda política no dia da eleição para organizar a distribuição de militantes no dia da votação.
A tendência predominante na cúpula do PT é não patrocinar a distribuição acintosa de material de campanha no dia 3, mas alguns diretórios, como o de São Paulo, por exemplo, já anunciaram a intenção de organizar a militância para o trabalho no dia 3.
Na véspera da eleição, a assessoria de Lula quer levá-lo ao parque do Ibirapuera, em São Paulo. O "domingo no parque" tem como objetivo aproveitar a presença da multidão que costuma frequentar o Ibirapuera aos domingos para fazer campanha dissimulada, já que a legislação proíbe atos de campanha na véspera da votação.
Os comícios (em São Paulo, Vitória, Rio, Brasília, Belo Horizonte, Aracaju, Salvador e Recife) serão mostrados por fotografias ou clipes no programa de TV de Lula.
"A fase final do programa tem que refletir o clima da rua", diz o publicitário Paulo de Tarso Santos, diretor do horário de Lula.
A propaganda de Lula na TV, se depender de Santos e da orientação de artistas que colaboram na campanha, será menos dirigida à militância. "Vamos investir na emoção, falando direto para os eleitores que estão indefinidos", afirma.
Novos clipes e talvez um jingle novo devem aparecer nos últimos programas de Lula. A idéia de Santos é mostrar a imagem frisada de artistas que estão com o petista para driblar o veto à exibição de apoiadores no vídeo.
A estratégia inicial da campanha petista previa a divulgação, dias antes do primeiro turno da eleição, de nomes que comporiam o ministério de um eventual governo Lula.
A difícil situação eleitoral do candidato, no entanto, inviabilizou a idéia. A avaliação é que não teria sentido jogar a cúpula em discussões trabalhosas quando a tarefa prioritária é fazer o último esforço para tentar evitar o naufrágio.

LEIA MAIS
sobre a campanha de Lula na pág. Esp. 3

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