São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 1994
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PSDB recorre à eletrônica para ofuscar petistas

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A estratégia da cúpula da campanha de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) na reta final da eleição é, literalmente, perseguir o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, por onde quer que ele vá.
Os tucanos pretendem deslocar os chamados "comícios eletrônicos" para as mesmas cidades que o petista visitará nesta semana.
O objetivo é garantir a vitória já no primeiro turno. FHC, com 47% na última pesquisa Datafolha, está oito pontos percentuais à frente da soma dos demais candidatos. Lula tem 22% das intenções de voto.
Os tucanos temem que o petista ganhe o chamado "voto emocional". Segundo eles, sempre que um candidato vai a uma cidade, sai de lá com intenção de voto muito maior pelo fato de seu nome estar "fresco" na mente do eleitorado.
O fenômeno dura só alguns dias. Como falta apenas uma semana para o primeiro turno, o PSDB não quer que o eleitor vá à urna ainda movido pelo "voto emocional".
"Estamos na marcação do Lula", reconhece o presidente do PSDB, Pimenta da Veiga, um dos coordenadores da campanha.
Para o PSDB, se a diferença entre FHC e a soma dos outros candidatos for de 10%, a vitória estará assegurada. A previsão incorpora a margem de erro das pesquisas.
Palco eletrônico
No comício eletrônico são montados grandes telões em praças públicas com exibição de clipes e falas pré-gravadas por FHC, que mudam por região. No agreste nordestino, por exemplo, FHC aparece no telão falando sobre irrigação.
Na semana passada, a cúpula da campanha já fez um teste que, segundo eles, foi bem sucedido. A cidade de Divinópolis (MG) presenciou, na mesma hora, um comício de Lula e outro, em um local distante, eletrônico.
A estratégia agressiva não inclui o próprio FHC, que será preservado. O objetivo é não sobrecarregar o presidenciável e evitar que o estresse faça FHC cometer erros.
"Não queremos fatos espetaculares", resume Pimenta da Veiga. A expressão preferida dos assessores neste momento é "não se mexe em time que está ganhando".
Até quarta-feira FHC permanece em São Paulo. Hoje se encontra com sindicalistas. Amanhã e quarta grava os últimos programas de rádio e TV. Amanhã ainda se reúne com o arcebispo de São Paulo, d. Paulo Evaristo Arns.
Quinta está prevista viagem a Blumenau (SC). Sexta FHC vai a Sorocaba e faz seu último comício em Santos, com o candidato do PSDB ao governo, Mário Covas.
A agenda de sábado e domingo, quando os comícios são proibidos, não está fechada. A visita ao túmulo de Tancredo Neves, em São João Del Rey (MG), foi cancelada.
O comitê avalia a conveniência de um encontro entre FHC e o presidente Itamar dia 1º de outubro em Juiz de Fora (MG) e a possibilidade de uma viagem ao Rio.
FHC irá votar em São Paulo e acompanhar a apuração em Brasília. O partido fará apuração paralela à do Tribunal Superior Eleitoral.

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