São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 1994
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Sujismundos

O slogan "povo desenvolvido é povo limpo", utilizado em uma antiga campanha para incentivar a população a adotar salutares hábitos de limpeza, vem à memória a propósito de uma recente pesquisa sobre lixo atirado nas ruas feita pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública: 28% dos paulistanos acham que é mais prático jogar o lixo casual no chão.
Se os dados chocam pela quantidade de pessoas que não se preocupam nem um pouco com a limpeza da cidade, note-se também que eles ajudam a explicar a sujeira que usualmente se vê nas ruas de São Paulo e, sem dúvida, na maioria da cidades brasileiras.
Deve-se ressaltar que a administração pública tem grande parcela de culpa por não instalar caixas coletoras de lixo em quantidade suficiente pela cidade. Mas o papel de vilão é também do cidadão, que, ao desdenhar princípios básicos de educação, não preserva o precário serviço de limpeza geralmente realizado pelas prefeituras.
O ambiente urbano, deteriorado por várias formas de poluição (atmosférica, sonora, visual), sofre em consequência desse comportamento desleixado sensível degradação.
Não é caso de ter ilusões de mudanças radicais no curto prazo. A limpeza urbana reflete em grande parte o nível geral de educação dos habitantes, as condições de ocupação do espaço urbano, a crença em determinados valores sociais. Mas além de instalação de cestas de lixo, campanhas de conscientização devem ser incentivadas.
Uma mudança de atitude com relação à limpeza urbana teria como consequência óbvia um ambiente menos inóspito e mais salubre no dia-a-dia das cidades. Mas se estaria também abandonando a displicência e adotando uma postura de civilidade, benéfica sob todos os aspectos para a vida das pessoas.

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