São Paulo, segunda-feira, 26 de setembro de 1994 |
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Leis e costumes
MARCELO BERABA SÃO PAULO – O país muda mais rapidamente do que suas leis e costumes políticos.A campanha eleitoral que está prestes a terminar mostra o fosso que existe hoje entre o novo e o velho. De um lado, um país que clama por cidadania, transparência, eficiência, responsabilidade. Do outro, uma elite ultrapassada que cuida de preservar instrumentos e costumes que retardam o nosso amadurecimento político. Estou seguro de que os senhores Rubens Ricupero e Alexis Stepanenko ainda não entenderam porque foram obrigados a deixar seus cargos de ministros. A incontinência verbal de um e os bilhetes explícitos do outro sempre foram considerados normais para um tipo de exercício político que ainda predomina na política brasileira e que se caracteriza pelo cinismo. Que ilegalidade os dois cometeram? Nenhuma. Ambos foram julgados e condenados exclusivamente pelo ambiente cívico que devolveu às pessoas o sentimento de indignação. Foi este mesmo ambiente, e não leis e nem regras novas, que, sem distinguir coloração ideológica, decepou os ex-candidatos a vice-presidente José Paulo Bisol e Guilherme Palmeira. Mas este ambiente não tem sido suficiente para garantir a transparência e a lisura das campanhas e nem para preservar as estruturas e os recursos públicos do uso eleitoral. Para isso, precisaríamos de novas leis. Não se entende que, mesmo depois do Collorgate, este Congresso tenha aprovado uma lei eleitoral que não obriga a divulgação de informações que deveriam ser públicas, como as contribuições financeiras para as campanhas. Assim como não dá para entender porque os partidos e candidatos se recusam a expor publicamente suas contas de campanha. O que escondem? Torço para que o próximo presidente e, principalmente, o próximo Congresso estejam sintonizados com este ambiente social que exige mudanças nas leis e nas práticas políticas. Precisamos de um choque de transparência. Leis que garantam a todos os cidadãos o acesso às informações que deveriam ser públicas porque tratam do interesse coletivo. E práticas que erradiquem o cinismo da política. Texto Anterior: Por que a CUT se alia à Fiesp Índice |
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